Lucio Oliveira é
cartunista, ilustrador e chargista em mais de 15 jornais, revistas e sites
espalhados pela federação. Atualmente ministra aulas gratuitas de desenho
básico para alunos carentes na Igreja Metodista de Natal - RN.
Contatos
facebook facebook.com/edibardasilva
OBRAS
Participação especial no livro
"Humor nos tempos de cólica" - Editora Revinter - 2011
Fábrica de Risos - Ilustrações
nos volumes 1, 2 e 3 - Editora Super News - 2011
Edibar & Turma - Editora
Super News - 2012
Edibar - As tiras mais engraçadas
do boêmio mais escroto dos botecos - Editora HQM - 2015
1. Como e quando você começou a
se interessar pelas HQs?
Eu tinha 6 anos de idade quando
ganhei de minha avó uma coleção de livrinhos do Sítio do Pica- Pau Amarelo. Li
e reli aquelas historinhas centenas de vezes. Foi a porta para o mundo da
literatura e a paixão pelas histórias ilustradas.
2. Lembra qual foi o primeiro
quadrinho que te cativou?
Ainda menino, eu gostava de ler
as histórias do Zé da Revista Carreteiro. Meu avô era caminhoneiro e por isso
sempre tinha exemplares dando sopa pela casa. Nessa época, passava o Daniel
Azulay na TV ensinando a garotada a desenhar. Eles foram muito importantes para
despertar em mim o interesse pelo desenho.
3. Como os quadrinhos
influenciaram sua vida?
Não me imaginava um desenhista de
histórias em quadrinhos na vida. Apenas gostava. Sempre enfrentei um certo
preconceito quando o assunto era desenho. Quando comecei a trabalhar como
desenhista, muitos caçoavam dizendo que essa profissão era coisa de criança. A
frase que eu mais ouvia era "Quem é que ganha dinheiro com isso? Tem que
arranjar um emprego de verdade... Isso não dá futuro para ninguém!" O
veneno escorria pelo canto da boca dos próprios parentes, amigos, namoradas...
Muita gente não conseguia enxergar algum futuro na profissão. Realmente foi
muito difícil no começo, mas se eu tivesse dado ouvidos para o pessimismo
dessas pessoas, hoje eu estaria trancado dentro de um escritório, digitando, carrancudo,
ao lado de um cinzeiro cheio de bitucas de cigarro. Hoje estou colhendo os
frutos da persistência e vendo muita cobra se escondendo pelas frestas. As
pessoas que não deram certo na vida, tem o péssimo costume de achar que ninguém
vai dar certo também.
4. Na hora de ler, qual gênero de
HQ prefere?
Leio de tudo. Snoopy, Marvel,
Mônica, etc. Gosto de ler até 5 livros ao mesmo tempo. Hoje, estou mergulhado
na " História não contada do Motorhead", "The Walking Dead - A
queda do Governador I e II", "Millôr Definitivo", "Guerra
Civil" da Marvel e "A Arte de Voar" de Antonio Altarriba,
história ilustrada de um ex-combatente da segunda guerra mundial. Essa
diversidade é como uma academia para o cérebro. Isso ajuda muito na elaboração
das tiras.
5. Qual seu quadrinho favorito?
Por quê?
Não tenho nenhum predileto.
Quando vou comprar algo para ler, vejo se o conteúdo envolve e dou aquela
folheada básica para ver se está bem desenhado. Apenas isso. Para mim, o traço
é primordial. O livro "A Arte de Voar", por exemplo, é um livro que é
todo em quadrinhos, mas não atrai nenhum fã da área. Gostei dele pelo fato do
desenhista Kim ser muito detalhista e ter demorado 4 anos para desenhar o livro
todo. Além da responsabilidade de trabalhar numa história verídica, o cara teve
que voltar no tempo da segunda guerra mundial para desenhar toda a história. Eu
sei o quanto é difícil.
6. Como surgiu “Edibar”?
Surgiu depois de uma temporada
que passei lavando a garganta por dentro com cerveja nos botecos de Apucarana
no Paraná, minha cidade natal. O município era muito pequeno e não tinha muito
o que fazer por lá. Bares eram as melhores opções para a diversão de muita
gente. O ambiente era muito eclético. Tinha de tudo: Médicos tomando cerveja e
jogando truco com mecânicos, advogados jogando sinuca com mototaxistas, gente
filando cigarro dos outros com a própria carteira de cigarro no bolso, mulher
jogando mala de marido no chão do boteco... Peguei tudo isso, misturei no
liquidificador, acrescentei meia garrafa de cerveja, meia de uísque, açúcar,
limão, uma dose de canalhice e deu o Edibar.
7. Onde busca inspiração para
criar?
A fonte de inspiração estava
dentro dos botecos. Hoje não frequento mais esses ambientes e só passo de carro
em frente de vários quando vou buscar as crianças na escola. Dou aquela
olhadinha básica para dentro deles para ver se vejo alguma figura diferente que
sirva de inspiração para criar um novo amigo para o Edibar. Foi assim que
surgiu o "Neybar". Vi um cara muito relaxado parado em frente de um
boteco horrendo de Natal. Usava uma camisa da seleção do Brasil, era barbudo,
cabeludo e feio que dava dó. Cheguei em casa e desenhei a figura tomando
cerveja com o Edibar. Os leitores adoraram. Na maioria das vezes, criar as histórias
de Edibar exige só um pouco da minha concentração. Depois de anos desenhando a
figura, parece que o personagem criou vida. Está com a personalidade formada.
Assim, não fica difícil sentar na mesa de desenho, pegar uma folha em branco e
começar a desenvolver alguma peripécia do boêmio.
8. Na hora de trabalhar/criar,
tem alguma mania?
Para criar escuto Mozart,
Beethoven, Bach, Chopin... Depois de elaborados, dou um salto do clássico para
o rock para fazer a arte final. Motorhead é minha banda predileta.
9. Existe algum tema que se
recusaria a usar nos seus trabalhos? Por quê?
Não misturo Edibar com times de
futebol, religião, política, pornografia e misticismo. Alguns desse temas
chamam para eternas discussões e sempre acabam em nada. Muitas crianças também
gostam dos personagens e tenho bastante cuidado com elas. Pensando nisso, tento
passar para todos que a bebida faz mal e que o Edibar não é nenhum herói. Vive
no médico, não dá certo em nada que faz e vive dormindo na casinha do cachorro
porque maltrata a mulher. Faço o contrário que as propagandas de cerveja fazem.
Não mostro que mundo é bonito e cheio de mulher bonita em volta daquele que
toma cerveja.
10. O que vem por aí?
Em 2016, eu e minha esposa
(gerente comercial) fomos convidados para lançar o Edibar numa feira em Lisboa.
O Edibar está detonando por lá e os portugueses já estão na expectativa de
receber o cervejeiro na terra do vinho.
11. Algum recado para os
leitores?
Se tem uma coisa que eu respeito
são os leitores. Respondo a cada um que entra em contato comigo, seja através
de e-mail ou mensagens no facebook. Não deixo ninguém para trás. O Edibar não
estaria no patamar que está se não fosse o carinho deles. Essa força me
estimula e é o meu combustível para melhorar a cada dia.
Foto tirada em São Paulo na Comix
Book Shop no lançamento do livro "Edibar - As tiras mais engraçadas do
boêmio mais escroto dos botecos" Editora HQM - Da esquerda para
direita: Carlos Costa (fundador e dono da Editora HQM), Fábio Figueiredo
(editor e arte finalista Disney na Editora Abril), Lucio Oliveira, Marcelo
Alencar (crítico, jornalista e tradutor Disney/escreveu o prefácio do livro
Edibar e o cartunista OTA, ex-editor da revista MAD.
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