quarta-feira, 17 de maio de 2023

O CURIOSO CASO DE CTHULHU E CREMILDA, RESENHA


  Quando se viaja no tempo e entre as infinitas realidades do Multiverso, certas coisas são inevitáveis. Dessa maneira, é apenas natural que, mais dia menos dia, as monstruosidades imaginadas pelo grande mestre do horror cósmico, H.P. Lovecraft, acabassem confrontando o motorista e arruaceiro espaço-temporal mais grosso já criado à leste de Soledade, Rio Grande do Sul!

Sim, chegou finalmente a hora de apresentar mais uma resenha do extraordinário e hilário Cremildaverso! Nosso amigo e colega Gilson Luis da Cunha expande consideravelmente as aventuras de Cremilda, a Kombi mais rodada deste e de qualquer universo, e sua intrépida tripulação! O motorista mencionado acima, claro, é Alfredo Dantas Fagundes, Alfredão para os amigos, e seu companheiro é o brilhante estudante de filosofia e paranormalidade Otávio Medeiros.

Cremilda é uma Kombi “corujinha” modelo Luxo, 1963, personalizada por uma raça alienígena que já conhecia a viagem no tempo bilhões de anos antes do surgimento de nosso Sol. Essa tecnologia incrivelmente avançada tornou a perua azul com teto branco capaz de viagens interestelares, temporais e transdimensionais, e com ela Alfredo e Otávio vivem as mais insólitas aventuras.

É claro que vocês leram nossa resenha de Onde Kombi Alguma Jamais Esteve, livro vencedor do Prêmio Argos 2020, não é?

O resultado do encontro dos personagens do Cremildaverso com os Mitos de Cthulhu deu origem a um novo gênero: o Humor Cósmico! São três noveletas originalmente escritas para um projeto de autores brasileiros homenagearem o mestre Lovecraft, mas que foi infelizmente encerrado após o primeiro livro, Guerras Cthulhu, organizado por Mauricio R.B. Campos.

Assim, Gilson reuniu as três histórias em O Curioso Caso de Cthulhu e Cremilda, e o resultado foi uma tremenda bagunça em várias realidades paralelas e outras tantas linhas temporais! Confira uma das consequências, o aparecimento de Kombis de outras dimensões...



Brincadeiras à parte, o resultado é primoroso, brilhante, e muito hilário!

Onde as Sombras Não Têm Vez é a primeira história, na qual Alfredo e Otávio chegam bem a tempo a um mundo primitivo prestes a ser definitivamente destroçado por Cthulhu e sua horda de pesadelos. O diálogo entre os viajantes e o Grande Sacerdote dos Grandes Antigos é surreal e divertidíssimo, e a sequência da noveleta plena de revelações, citações de cultura pop (tradição desde Onde Kombi Alguma Jamais Esteve), e mais momentos hilários. Sem contar, evidentemente, referências ao universo lovecraftiano, até um final completamente surreal, digno mesmo do gênero Humor Cósmico!

Em O Horror Inaudível os Cremildanautas enfrentam outra criação de Lovecraft, Nyarlatothep, o Deus Vivo, o Faraó Negro e outras alcunhas menos conhecidas. Após um primeiro encontro milhares de anos antes de nossa era, com direito a mais referências à cultura pop, a monstruosidade permanece desaparecida por séculos.



Corte para o futuro, alguns séculos além de quando estamos, e a humanidade se espalhou por incontáveis planetas Via Láctea afora. A questão é que permanece sendo uma grande família, e como qualquer grande família vários parentes simplesmente não se suportam. Para isso é mantido um planeta neutro, onde reina a paz, a igualdade e o debate civilizado, até uma calamidade intervir.

Acontece uma reunião de embaixadores, e Alfredão lembra o caso de antigas colônias fundadas por comunidades fundamentalistas, que depois de algum tempo terminaram por exterminar a si próprias. O problema de todo fundamentalismo é que ninguém nunca é bom, puro ou correto o bastante o tempo inteiro. Faz pensar, não é?

Alfredo não seria Alfredo se não tivesse um plano B, e logo conhecemos outros lugares e personagens, como Tião. Dele só falo que a princípio arranca o terror de Otávio, mas conforme o motorista de Cremilda, apesar de suas origens é gente boa.



Toda boa história, entretanto, tem uma virada, e aqui ela acontece com a terrível invasão de outra criação lovecraftiana. Os mi-go (que surgiram na história Um Sussurro nas Trevas) atacam e causam um estranhíssimo efeito em Alfredo. Quem leu o conto original do mestre certamente vai adivinhar o que aconteceu, e que proporcionou mais cenas gozadíssimas. Além de ser também uma clara referência ao episódio mais trash de Jornada nas Estrelas, A Série Clássica.

Otávio, apesar de meio perdido, consegue graças a seu brilhantismo chegar a um protocolo de emergência de Cremilda. Com isso surge uma esperança de resolver a alarmante situação, o que nos rende mais comédia, além de novos personagens. O principal é Brunhilda, guerreira que não leva desaforo pra casa e também atende por alcunhas adoráveis como Valquíria de Satanás, Danação Ruiva e outras.

Nem preciso falar que aparecem mais referências pop, né?



Otávio e Brunhilda por fim invadem a base dos mi-go, Alfredo fica como novo, e chega então a hora de enfrentar o grande mal. E, por fim, os tenebrosos planos de Nyarlatothep são frustrados por uma arma secreta engendrada por Alfredão. Quer saber qual? Clique aqui por sua conta e risco, depois não me venha importunar em seus últimos momentos de sanidade após ouvir abominação tão indescritível!

Cthulhu & Cleomir... Ou a Noite em que Abdul Endoidou. Esse é o título da terceira e última noveleta desse livro sensacional. E esta trama centrada no próprio autor do amaldiçoado tomo conhecido como Necronomicon, o árabe louco Abdul Alhazred, fará com que caiam os butiá de todos os bolsos!

É claro que nenhuma história do Cremildaverso pode prescindir de amostras do bom e velho gauchês!

Bem, digamos que o almoço em família na casa de Otávio não foi, para ele, bem o que estava esperando. Este é um trabalho para Alfredo, e como o próprio motorista diz, em suas andanças pelo Cosmos ele deixou muita, mas muita gente mesmo P. de ódio.

Sim, temos mais referências pop!



E referências lovecraftianas especialmente, como O Horror de Dunwich, uma das melhores obras do mestre. Nem escrevo nada, vão ler!

Bem, depois de resolverem a questão de Dunwich parecia tudo bem, quando Otávio reparou, no banco de dados da Fortaleza Fantasma (Como não leram Onde Kombi Alguma Jamais Esteve? Está tudo lá!) e notou a falta de certas referências pop à obra de H.P. Lovecraft. E rastreou isso até uma visitinha que Alfredo fez ao pobre Abdul, agora um homem honrado e de família.

E aí, o almoço de domingo em família vale mais que a sanidade de um homem?

Finalmente nossos heróis resolvem a situação com brilhantismo. E os detalhes da produção do texto e da capa do terrível Necronomicon, de novo, são de rolar de rir. E a noveleta e o conto terminam com outra referência impagável, lembrando da tirada humorística que é o fato de Cthulhu ser um nome muito difícil de pronunciar. Na Fandon Wiki dedicada a H.P. Lovecraft, no verbete associado à sua criação mais famosa, existem várias pronúncias de seu nome. E uma delas, muito usada aqui no Brasil, chegou a constar da lista, Cleiton!



O universo extraordinário criado por H.P. Lovecraft é fonte de histórias fantásticas, pesadelos terríveis, e também de muita inspiração. Eu mesmo já bebi dessa fonte algumas vezes, especialmente na história Vó Nena e os Caçadores: O Diário de George Angelo, que é o prelúdio do e-book Vó Nena e os Caçadores: O Livro Maldito.

Nas histórias desse universo em meu blog, o Escritor com R, até já apresentei o fato de a velha Caçadora possuir, em sua vasta biblioteca e depósito de objetos enfeitiçados e amaldiçoados, uma cópia em português do Necronomicon. Como Vó Nena conseguiu esse tomo abominável é uma história ainda a ser contada.

Mais recentemente publiquei na Amazon a noveleta Os Gatos de Vecruz, inspirada em Os Gatos de Ulthar, também de Lovecraft. Esta foi minha segunda publicação pela Casa do Carvalho Press, o selo literário fundado por Gilson para autores independentes se divulgarem mutuamente. A ideia é excelente, e estamos aguardando vocês, escritores e escritoras, que acreditam que o único limite na literatura fantástica é a imaginação!



O Curioso Caso de Cthulhu e Cremilda é um excelente livro, com histórias repletas de humor e referências pop, além de muitas aventuras e reviravoltas. Sem contar a bela e respeitosa homenagem ao mestre H.P. Lovecraft, claro! Procurem o Gilson em seu perfil do Instagram, @gilsondacunha42 , ou busquem pelo livro e suas demais obras na Amazon.

Continuem apoiando a nós, os autores nacionais! Em tempos de tantas adaptações de livros e contos, bem que poderia finalmente chegar nossa vez, não?


Blueprint da Cremilda!


Iremos nos encontrar de novo em alguma realidade paralela, em alguma linha temporal.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

FESTIVAL GIBIS E IDEIAS: FOMOS!

 

Gibis e Ideias.

            Em 11 e 12 de março aconteceu, no Naniwa-Kai - Espaço Osaka, lugar já bem conhecido da comunidade nerd, o Gestival Gibis e Ideias.

            A festa se deu nos moldes do Gibi SP Festival, e foi muito legal! Vários expositores, quadrinhos novos e usados, artistas expondo seus trabalhos, e muito bate-papo no palco. Receita perfeita para agradar ao fã de quadrinhos.

Gibis e Ideias. No centro e à direita Junior Batson.


            Este escriba foi convidado para, no sábado, participar do bate-papo 30 Anos de Arquivo-X, a série que revolucionou a ficção. O organizador Junior Batson, muito conhecido da turma dos quadrinhos, aceitou a sugestão do colega escritor Eduardo Marchiori e me chamou para essa conversa. Foi sensacional, fiquei incrivelmente honrado, e agradeço aos dois amigos pela lembrança!

Gibis e Ideias.


            O bate-papo foi comandado pelo editor Edson Rossato, e foi ótimo! Falamos da célebre divisão dos episódios, entre mitológicos (focados em alienígenas, OVNIs e a conspiração governamental para acobertá-los) e os monstros da semana. Destes, evidentemente Tooms foi lembrado, e naquela semana eu e Má tínhamos assistido Chinga (o da boneca, título em português Feitiço, segunda temporada, escrito por Stephen King) e o antológico Vampiros, que é um dos mais hilários e divertidos da série.


Gibis e Ideias.

            Comentei sobre meus favoritos, O Ser do Espaço, um pequeno filme de 45 minutos que introduziu os melhores coadjuvantes de toda a série, os Pistoleiros Solitários! E também a trilogia Anasazi, Caminho da Cura e Operação Clipe de Papel, que representa para este casal nerd editor de seu blog Corujice Literária uma lembrança sentimental muito preciosa! O Edson lembrou muito bem que este último título é de uma operação militar secreta que realmente aconteceu, lançada pelos Estados Unidos nos meses finais da Segunda Guerra Mundial.






            Comentamos a respeito da possibilidade de que esse universo fascinante poderia ter continuado até hoje. Seja com a ótima série dos Pistoleiros, seja com coadjuvantes legais como a agente Leyla Harris, da 8º e 9º temporadas, e que era fã de Mulder e Scully (lembram como ela perguntou a eles a respeito de seu retorno da Antártida, fato ocorrido no ótimo filme Resista ao Futuro?) e também a dupla Liz Einstein e Kyd Miller, praticamente versões mais jovens de nossos heróis, da 10º e 11º temporadas.

            Mas como sempre comentávamos, o Chris Carter cheira muita parafina de prancha de surfe, e tem ideias idiotas como matar personagens ótimos, inventar supersoldados e outras bizarrices, além de forçadas de barra que destoavam das primeiras e estupendas 4 temporadas. Ah, é, e esquece o que já fez com a mitologia também...



            De destacar a presença do também amigo Carlos Quintino, do Arquivo-X Brasil, e foi ótimo quando ele perguntou a respeito de outra divisão: shippers e noromos. Shippers eram os que torciam por um envolvimento amoroso entre Scully e Mulder, e os noromos, de no romance, pelo contrário.

            Arquivo-X foi uma série pioneira, entre outras coisas, por mostrar que um homem e uma mulher podem sim ser amigos e ter um relacionamento muito profissional. Sempre considerei que o romance iria atrapalhar essa dinâmica tão perfeita não só entre personagens mas também entre os atores. Mas eu e muitos outros fãs também sempre curtimos aqueles momentos mais ternos, um gesto de dar as mãos aqui, uma palavra, toque ou olhar depois de uma situação de perigo, e especialmente as provocações entre os dois. Há até uma expressão em inglês, UST, sigla de Tensão Sexual Não Resolvida.

            O papo foi ótimo, e de novo agradeço aos amigos que tão gentilmente me convidaram!



            Depois, claro, vamos passear e talvez adquirir mais itens para a coleção. E, no estande do Comic Hunter, encontrei alguns Martin Mystère e Dylan Dog que vinha há tempos procurando.



            Creio que devo destacar que esses são personagens da casa italiana Sergio Bonelli, e que as aventuras de Martin Mystère podem ser descritas como uma mistura entre Indiana Jones e Arquivo-X. Tomei conhecimento deles quando o também amigo Paulo Werner, editor da revista OVNI Pesquisa, me pediu um artigo sobre ele para a edição 13. Li algumas HQs disponíveis online e me apaixonei por esse universo. Desde então tenho buscado bastante material, incluindo aqueles novos publicados pela Mythos Editora. Conheci também Dylan Dog, que se dedica a monstros, assombrações e assassinos seriais (e que dirige um Fusca!), além do herói do Velho Oeste Zagor.

            Em breve, aqui no Corujice Literária, apresentaremos algumas resenhas desses.

            Depois, no estande da Editora 85, achei outra HQ interessantíssima, um crossover entre Mr. No, outro personagem da Bonelli, com Martin Mystère. A Editora 85 vem publicando material Bonelliano que não sai pela Mythos, e estamos aqui na torcida para que dêem continuidade ao herói de ficção científica da casa italiana, Natham Never.









            Em seguida, completando o loot que pode ser conferido nas fotos, conheci o André Freitas, do @yescabrita, que tinha uma grande coleção de Conan o Bárbaro disponível. O André participou da HQ O Rei Amarelo e também de O Despertar de Cthulhu, ambas da Draco. Também é autor de Vida Selvagem (vejam as fotos) e com ele peguei o Almanaque Conan O Bárbaro 2, da Abril. Essa foi uma aquisição sentimental, pois lembro de um exemplar igual pertencente a queridos amigos de infância, que li e me marcou muito.





            Com as garotas da @marlinjoke peguei dois cadernos para a Ma, que tinha compromisso nesse sábado e não pôde ir comigo.





            Também encontrei o amigo Roberto Moriama, “causando” com colegas devidamente trajados dentro do universo Star Wars.







             E conversei ainda com o editor Levi Trindade, da @hyperioncomics , que tem bastante material interessante. Chariot: a Supermáquina, tem um visual muito legal e parece muito bacana!



            O legal é que a Má fez questão de ir também no domingo! Fomos e encontramos os amigos Mauricio Muniz e Manoel de Souza, que protagonizaram um bate-papo sobre os 40 anos das revistas do Homem-Aranha e do Incrível Hulk pela Abril. História que está devidamente detalhada no fabuloso livro O Império dos Gibis da Editora Heróica, do qual tive o imenso prazer de participar da campanha. Podem conferir meu nome entre os demais apoiadores!

Gibis e Ideias;


            Mais passeios, mais conversas, outras pequenas aquisições (incluindo o Martin Mystère 14 da foto do loot), e finalmente encerramos o passeio.





            O Gibis e Ideias foi um excelente evento, um ótimo começo para o que esperamos seja uma série de encontros. O Junior comentou comigo que teve uma ajuda preciosa do Wilson, organizador do Gibi SP Festival, na organização da festa. Um evento complementando outro, como deve ser!

            Agradecemos imensamente ao Junior Batson e a todos os amigos que encontramos no Gibis e Ideias, e desejamos todo o sucesso para vocês. Foi um enorme prazer, e já estamos ansiosos pela próxima edição!

quinta-feira, 2 de março de 2023

JEDICON 2022: NÓS FOMOS!


            Há não muito tempo, em um país nem tão distante...

            Existiam grupos de fãs, que não buscavam outra coisa a não ser curtir juntos suas paixões comuns.

            E eles passaram a se reunir em eventos para curtir juntos. E essas “torcidas organizadas” sempre se reuniam em harmonia, respeitando os valores mais caros ligados aos universos fantásticos, de ficção científica e fantasia, que mais amavam.
 

           A união, a lealdade, a liberdade e a amizade.






            Até que surgiu uma grande ameaça contra toda a humanidade, e os fãs precisaram interromper esses encontros e eventos. Houve muita tristeza e revolta, mas a paixão em comum por suas histórias e personagens preferidos era mais forte, e eles continuaram a se comunicar. Para isso, muito ajudou a tecnologia que, algum tempo antes, era coisa vista somente nesses universos fantásticos.
 

           Eis que a ameaça foi contida, e a vida começou a voltar ao normal. E os fãs se animaram para voltar a se organizar, para se reunir, se divertir e sonhar juntos.
            E, em 17 de setembro de 2022, o maior desses eventos finalmente voltou a acontecer!



 




           As forças da Luz e das Trevas rumaram para a FAPCOM, onde celebraram novamente na JEDICON 2022!

            Então, gostaram da introdução? Depois de tanta demora, precisávamos caprichar um pouco mais do que já fazemos, não? Tivemos alguns pequenos problemas operacionais nos últimos meses, daí que o Corujice Literária ficou um pouco parado. Mas aos poucos vamos retomando as publicações, e nada melhor do que contar um pouco sobre como foi estar, mais uma vez, na Jedicon, organizada como sempre por nossos amigos do Conselho Jedi São Paulo.

            Star Wars tem estado em alta nos últimos tempos. A polêmica Trilogia Disney (esse barulho que estão ouvindo é o Renato rangendo os dentes...) foi seguida por várias séries, das quais a melhor foi The Mandalorian. Aquele final espetacular emocionou a todos, mesmo que depois as produções se dividiram entre erros e acertos.


           Mas o que conta é que nossos personagens mais adorados continuam lá. Luke, Leia, Han, Chewie, R2-D2, C-3PO, Darth Vader, Yoda, Lando Calrissian... E, entre as produções clássicas e as novas, há ainda livros, quadrinhos, games, as inevitáveis peças de memorabilia, e mais todo um universo para celebrar a criação máxima de George Lucas.









            Como sempre em época de Jedicon bate aquela nostalgia de edições passadas, especialmente aquelas na qual houve grande participação de autores brasileiros! A primeira delas foi em 2010, por iniciativa deste escriba, que sugeriu aos amigos do Conselho Jedi SP que abrissem esse espaço, já que na Jedicon RS, realizada pouco antes, isso havia ocorrido. E eis que, na mesma Fapcom, tivemos uma mesa enorme bem na entrada, e todas, eu repito TODAS as obras e antologias lançadas no evento esgotaram.

            Podem confiar: a sensação de estar no palco da Jedicon é inesquecível! Vão ao meu Instagram, @renatoa.azevedo, e confiram no post de 17 de setembro.

            Amamos estar na Jedicon, e amamos encontrar os granes amigos! E já que falamos de nostalgia, aproveitem e confiram nossas coberturas dos eventos de 2017 e 2018. Sim, é para clicar nos números!








            Esta edição, como não poderia deixar de ser depois de três anos de ausência, foi um pouco menor que as anteriores à pandemia. Estamos todos, claro, nos recuperando desse período sombrio, mas mesmo assim, como de hábito, o Conselho Jedi SP promoveu uma festa magnífica.

 

           Cosplays muito caprichados, presença maciça de fãs, encontrar velhos amigos de quem estávamos com saudades... foi tudo como é normal no programa de grandes eventos nerds! Muitos estandes de lojas, artistas e editoras, aliás, entre estas listamos a Culturama, a Panini e a Universo dos Livros. Nosso loot foi pequeno dessa vez (é a crise, amiguinhos...) mas mesmo assim dois amiguinhos em Pocket Pop da Funko voltaram comigo para casa: o King Kong e o Godzilla! Yes, finalmente tenho um lagartão na minha estante! O filme em si eu achei não tão bom quanto os dois anteriores, mas as lutas entre essas duas lendas foram sensacionais e valem a pena serem conferidas.

            Ficamos baseados no estande das nossas amigas Carine e Cris do Sindicato do Fã, de quem também sentíamos muitas saudades, e encontramos vários outros amigos, como o Comandante Cody e Moriama, como sempre arrasando nos cosplays.

            Comentei acima sobre o palco da Jedicon, e como sempre as atrações não deixaram ninguém ficar desanimado. Aconteceram apresentações do grupo União SW, da Ludosport e do grupo Blades Saber Club Brazil, cujas coreografias de lutas com sabre de luz são sempre sensacionais e muito aplaudidas.

            Houve ainda painéis sobre a Industrial Light and Magic, a respeito da adaptação do material literário da Saga para o Brasil, e conversas com youtubers e influencers dedicados ao universo da Galáxia Muito Muito Distante. Não poderia faltar uma apresentação sobre as séries que estão sendo exibidas nos canais de streaming, e todos os presentes se emocionaram com a performance da Orquestra SP Symphonic Band, tocando os temas de Star Wars!





            Ainda querem pontos altos? Que tal o dublador de Obi-Wan Kenoby, o ator Marcus Jardym? Que foi, claro, um dos mais aplaudidos! E, como é tradicional, as atividades foram encerradas com o Concurso de Cosplay, no qual como sempre foi difícil escolher os melhores, tamanho o capricho do pessoal.


            Estar novamente em uma Jedicon foi ótimo, dividir bons papos nerds com os amigos, matar saudades e ver coisas legais dos universos que tanto amamos. Foi uma retomada muito necessária, um escape que há muito ansiávamos depois de tantas incertezas. E claro, já estamos ainda mais ansiosos pela próxima edição! Até lá...

            Que a Força esteja com vocês, sempre!



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

CRÔNICAS DO FANTASMA NÚMERO 4 - RESENHA


  Antes de Superman, Batman, Mulher-Maravilha, antes de qualquer dos heróis da Marvel, havia o Fantasma!


E o primeiro de todos os heróis mascarados completa nesta sexta-feira, 17 de fevereiro, 87 anos! Mas claro que todos os leitores sabem que o Fantasma tem 400 anos.


Foi em 17 de fevereiro de 1936 a publicação da primeira tirinha do Fantasma, criado por Lee Falk (28/04/1911 – 13/03/1999), mesmo autor de outro clássico, o mágico Mandrake. Sucesso instantâneo, criando uma lenda que atravessou gerações e possui milhões de leitores fiéis até hoje.


O Fantasma tem a força de dez tigres; antigo ditado da selva.



A primeira história do Fantasma foi reunida pela Editora Mythos no número 4 das Crônicas do Fantasma. A publicação ainda traz um Especial no título, pois é mesmo um presente inestimável para os fãs do personagem. Para mim, pessoalmente, o que escrevi na primeira linha deste texto vale até mesmo no nível pessoal, pois logo após aprender a ler com os gibis da Disney e da Turma da Mônica, comecei a ganhar de meus pais também as aventuras do Fantasma. Antes de qualquer outro herói!


Não poderia ter outro resultado: virei fã de carteirinha, ainda com as publicações da venerável e saudosa Rio Gráfica Editora.


O Fantasma se move como um raio; antigo ditado da selva.


Já sabia que o personagem havia evoluído muito ao longo de todos os anos de publicação, e confesso que gosto mais das artes de Sy Barry, que eram a maioria das velhas edições que eu tive, que as de Ray Moore que ilustram este número de Crônicas. Mas a edição me surpreendeu demais!



E sim, é lógico que estou extremamente ansioso para comprar a dispendiosa, mas sensacional, edição O Fantasma Omnibus Sy Barry, Os Ratos do Porto e Outras Histórias, recentemente lançada também pela Mythos. Aceito como presente de aniversário adiantado, combinado?


É apavorante para um bandido acordar na escuridão da noite e ver o Fantasma; antigo ditado da selva.



Em suas 164 páginas encontrei, para meu enorme prazer, todos, absolutamente todos os elementos que já amava nas aventuras do Fantasma, e que o genial Lee Falk consolidou ao longo de todas as décadas em que trabalhou nessa riquíssima mitologia. Primeiro de tudo as mulheres fortes que sempre foram, ao lado do herói, protagonistas nas histórias, com destaque absoluto para a única, linda, sensual, maravilhosa e extraordinária Diana Palmer. No primeiríssimo quadrinho já a vemos treinando boxe com um tripulante do navio em que viaja, e como se diz na deliciosa expressão do inglês, kicking ass!



Por sinal minha primeira personagem feminina foi batizada Diana em sua homenagem. Um dia conto a história.


O navio é abordado por piratas modernos pouco antes de sua chegada a Nova York, e os bandidos querem não somente o carregamento de uma substância encontrada por Diana, mas a localização da fonte na qual ela a obteve. Essa substância é o âmbar-gris ou âmbar-cinza, produzido pelas baleias cachalote e muito raro, um elemento utilizado na perfumaria ainda hoje. E não, ele tem que amadurecer pelo contato com a água do mar, então não vale caçar as inocentes baleias para extraí-lo. Mais informações em ambergris.eu.


Bem nesse momento surge uma figura misteriosa: o Fantasma! Com astúcia e inteligência ele derruba os bandidos, salvando Diana e a preciosa carga. E, quando nossa heroína pergunta como pode agradecer, o justiceiro lhe mostra: com um ardente beijo!


Sim, o Fantasma é o último romântico!



O Fantasma tem mil olhos e tudo vê; antigo ditado da selva.


Há outros interessados em Diana, entretanto, e ela de novo é salva de um invasor noturno enquanto dorme tranquilamente em casa. O Fantasma se livra dos bandidos e dá um suave beijo na moça que dorme tranquilamente. De novo, bons tempos de heróis românticos.


Diana acaba sequestrada em uma festa da alta sociedade, e de novo nosso herói precisa intervir. Depois de várias idas e vindas eles estão a salvo, mas a moça é muito curiosa e o Fantasma então indica a ela uma pessoa, que vem a ser amigo do pai dela, que pode dar algumas explicações. Entre os termos que ela ouviu durante o confronto entre o herói e os bandidos um se destaca: espirito-que-anda.




James Dodd, o amigo de Diana, conta a ela a história de quando viajava pela costa de Sumatra setenta anos antes, em 1866. Seu navio foi tomado pelos infames piratas Singh, e o então garoto observou aterrorizado vários tripulantes andarem na prancha. Subitamente um dos bandidos aparece desacordado e com uma marca de caveira no rosto. E então uma figura sombria e ameaçadora surge, fazendo os malfeitores se ajoelharem implorando perdão.


O Fantasma, com uma voz de gelar o sangue, diz somente: “o Fantasma só avisa uma vez”.



Que vem a ser mais um dos ditados da selva que permeiam este artigo, e todas as edições de nosso herói! Lee Falk era apaixonado por mitos, lendas, pela mitologia nórdica, grega e arturiana. Nada mais natural do que incorporar esses elementos em sua maior criação.


Nunca aponte uma arma para o Fantasma; antigo ditado da selva.


Assim, o mistério para Diana só aumenta, pois o homem que a salvou e beijou era jovem, aparentando menos de trinta anos. Dodd confirma que o personagem que viu tinha a mesma aparência, e afirma que ele e seu pai buscaram informações em várias fontes. Eles descobriram que o Fantasma é um mito conhecido em toda a Ásia, e encontraram até mesmo uma menção a ele em um livro de mais de trezentos anos. Os marinheiros o conhecem, e os piratas se apavoram somente com a menção a seu nome.


A aventura leva nossos heróis até os mares do Oriente, para a base secreta dos Singh onde o próprio Kabai, líder da Irmandade, fica aterrorizado ao lembrar da lenda dos piratas de que teriam queimado o Fantasma trezentos anos antes. “O Fantasma sempre retorna” é o recado dele.


Quando o Fantasma, seriamente debilitado, surge na costa após mais uma fuga espetacular, aparecem também outros elementos essenciais de sua riquíssima mitologia: o lobo Capeto e os pigmeus Bandar! Outro elemento que frequentemente seria visto nas tramas posteriores é o médico sequestrado pelos pigmeus para cuidar do Fantasma. Seguem-se mais aventuras até Diana conseguir, com a ajuda do Fantasma, resgatar o âmbar-gris e ele, finalmente, contar sua história a ela.


E tudo começou com um juramento: 



“Juro devotar minha vida à destruição de todas as formas de pirataria, crueldade, ganância e injustiça. Meus filhos e os filhos de meus filhos me seguirão”.


E nesse momento, também se inicia um dos relacionamentos mais duradouros dos quadrinhos. Pois Diana não resiste aos encantos do mascarado, que evidentemente já dava mostras de sentir algo muito especial pela intrépida aventureira. Eles selam seu amor com um apaixonado beijo, logo após Diana conhecer mais um antigo ditado da selva: ninguém recusa o Fantasma.



A aventura termina em um remoto esconderijo secundário, onde os Singh encontram seu destino. Mas fiquem calmos, os terríveis piratas retornariam muitas vezes a seguir.


O Fantasma é generoso com os bons, mas severo com os maus; antigo ditado da selva.


Crônicas do Fantasma Número 4 foi uma enorme surpresa, um reencontro com um velho amigo e uma viagem a épocas mais simples, onde o romantismo, a aventura, e valores como a amizade, lealdade, luta contra as injustiças e contra o mal eram indiscutíveis. Tive mesmo muita sorte ao começar a carreira de leitor de quadrinhos de heróis precisamente com o pioneiro entre eles.


Um personagem que me ensinou sobre mitologia das histórias antes mesmo de eu conhecer o termo, e que traz sempre as lembranças de fabulosas aventuras ambientadas nos lugares mais distantes e incríveis do mundo. Confesso que desconhecia que os mesmos elementos com que me identifiquei tanto no cânone do herói já estavam presentes em sua primeira história. Que, aliás, foi publicada entre 17 de fevereiro e 07 de novembro de 1936. Que sorte temos por podermos ler esse material todo de uma vez!


Recomendo ao leitor procurar essa edição, que merece fazer parte de qualquer coleção. E torço muito para a Mythos dar sequência a esse material belíssimo, honrando o primeiro de todos os heróis mascarados.


Esta foi nossa forma de comemorar este Dia do Fantasma, ou The Phantom Day, feliz aniversário, Espírito-que-Anda! Finalmente, dedico este artigo ao mestre Lee Falk. Jamais conseguiremos agradecê-lo o suficiente!



Você nunca encontra o Fantasma, é o Fantasma que encontra você; antigo ditado da selva.