Claudio Murena, 34 anos, é designer, ilustrador e
jornalista especializado em cultura pop, colabora com as Revistas Mundo dos Super-Heróis
(Editora Europa) e Mundo Estranho (Editora Abril), além de editar o conteúdo do
site Popground. Para o mercado de quadrinhos, ainda colaborou com projetos
nacionais como designer e ilustrador e conquistou por duas vezes o prêmio HQ
MIX como parte da equipe Mundo dos Super-Heróis, na categoria "Melhor
Publicação sobre Quadrinhos".
Contato: www.popground.com.br / claudio@popground.com.br
1.
Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Tenho lembranças de meu contato
com as HQs desde criança. Algumas revistas encontrei na casa de amigos e não li
na época, mas me marcaram a ponto de reconhecê-las anos depois. De qualquer
maneira, o momento que determinou minha paixão pelos quadrinhos foi a compra,
aproximadamente aos 8 anos, de uma revista mensal chamada A Teia do Aranha, que reeditava antigas histórias do Homem-Aranha.
Um mês depois, minha coleção já crescia em ritmo acelerado e eu estava
definitivamente encantado.
2.
Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
Neste primeiro mês de leitura li
principalmente histórias que envolviam o Homem-Aranha, X-Men e o Hulk. Isso com
certeza determinou meus principais interesses nos primeiros anos de leitura.
3.
Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Os quadrinhos mudaram
completamente minha vida, pois foram a porta de acesso para informações que eu
provavelmente não teria sem este material. Os quadrinhos com certeza foram uma
das minhas principais ferramentas de alfabetização e também iniciaram a paixão
pelas artes que me levaria a trabalhar nesta área. Além disso, as HQs muitas
vezes se anteciparam na discussão de diversos assuntos tidos como tabus, tais
como a discriminação. Receber este tipo de conteúdo desde cedo com certeza
ajudou a formar a maneira como penso ainda hoje.
4.
Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
O gênero que mais li até hoje com
certeza é o dos comics americanos de
super-heróis, mas me considero bastante eclético. Gosto também dos quadrinhos underground de autores como Robert
Crumb, do jornalismo em quadrinhos de Joe Sacco, dos infantis de Maurício de
Souza e Ziraldo, do Akira de Katsuhiro Otomo e adore o trabalho de brasileiros
como Angeli, Laerte, Henfil, Gabriel Bá, Fabio Moon, Mike Deodato e tantos
outros...
5.
Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Esta é uma pergunta bastante
difícil de ser respondida, pois minha lista de favoritos é grande. Para não
deixar de responder, diria que o quadrinho que mais reli até hoje é o arco de
histórias conhecido como A Queda de
Murdock, com o Demolidor. Esta obra reúne dois dos meus autores favoritos
(Frank Miller e David Mazzucchelli) em seu auge criativo e este trabalho com
certeza elevou os padrões de qualidade dos quadrinhos no que diz respeito à
temática, diálogos, roteiro e storytelling.
6.
Quando e como começou a trabalhar na área?
Como ilustrador e designer, desde
o início de minha carreira realizei trabalhos que bebiam na fonte das hqs de
alguma forma, seja na temática ou técnica. Também produzi pequenas pautas sobre
o assunto para a revista DJ Sound no início dos anos 2000, mas considero que
meu primeiro trabalho efetivo na área se deu com o início de minha colaboração
com a Revista Mundo dos Super-Heróis, da Editora Europa. Meu primeiro texto foi
publicado na terceira edição da revista e tratava dos X-Men, uma de minhas
paixões de infância. Juntos conquistamos dois prêmios HQ Mix e ainda hoje
colaboro com a redação.
7.
Trabalhar com HQ/cultura sempre foi um objetivo de vida?
De uma forma bastante orgânica,
sim. Eu não planejava trabalhar nesta área em meus primeiros anos de leitura,
mas o desejo de desenhar veio de maneira descompromissada e logo depois
ingressei no curso de desenho da Escola Técnica Estadual Carlos de Campos, em
SP. Este passo foi determinante para que eu me mantivesse sempre por perto das
HQs.
8.
Como é trabalhar na “área nerd” hoje em dia?
Este é um
grande momento para a área no Brasil e no mundo. Hoje temos um grande número de
quadrinhos, séries, filmes, games, action figures e outros produtos disponíveis
para os fãs, assim como diversos profissionais dedicados e competentes
trabalhando em sites, blogs, tvs,
podcasts e redes sociais de diversos formatos e especialidades. Existem
eventos que reúnem os amantes da cultura pop em diversas cidades e possibilitam
um convívio que não era possível quando eu comecei a me interessar por estes
assuntos.
9.
Algum trabalho mais marcante?
Com certeza a conquista dos dois
prêmios HQ Mix com a equipe da revista Mundo dos Super-Heróis foi marcante,
pois se tratava de um prêmio que acompanhei desde criança. Além disso, escrever
e editar o conteúdo do Popground, site criado por mim e por Toni Santos e André
Morelli, tem sido uma aventura. Hoje produzimos conteúdo publicado nas matérias
e também em nossos canais de vídeo e áudio, além das palestras e debates dos
quais participamos. É um aprendizado constante e o trabalho é bastante
recompensador.
10.
O que vem por aí?
Atualmente o Popground e a Mundo
dos Super-Heróis produzem em parceria a coluna Homem-Cronologia, na qual explicamos alguns dos assuntos mais
complicados dos quadrinhos para os novos leitores. Estamos também divulgando
nosso novo canal no Youtube, onde apresentamos os assuntos do momento ao lado
da amiga Gabi Franco, e trabalhando em novos projetos que devem chegar às
bancas neste semestre.
Enquanto isso, estamos na torcida
após a indicação do livro Heróis dos
Animes, escrito por meu companheiro André Morelli e com edição de Arte
feita por mim, Toni Santos e Camila Barreiros, para o HQ Mix deste ano.
11.
Algum recado para os leitores?
Os quadrinhos estão entre os
gêneros literários de maior efervescência do último século, com uma série de
artistas e obras que merecem uma pesquisa por parte dos leitores que ainda não
embarcaram neste universo.
Que todos sejam bem-vindos e boa
leitura!
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