Natacha Leonelo, animadora 2D,
encadernadora e designer gráfica. Curiosa compulsiva, adora
conhecer pessoas e aprender seja o que for. Formada em Desenho Industrial, já
trabalhou em alguns estúdios e empresas de design, mas sua paixão por desenhos
animados falou mais alto. Trabalha com animação 2D digital e tem projetos de
quadrinhos encaminhados para os próximos anos. Fez um curso de encadernação em
2011 e agora gerencia a marca Sky Pirate Design fornecendo serviços freelancers
e preparando sketchbooks artesanais seja
pronta entrega ou encomenda.
OBRAS
Jornada na Caverna, 2014, Sky
Pirate Design
1.
Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Desde pequena meus pais compravam
quadrinhos como Tio Patinhas, Turma da Mônica, Zé Carioca, a galera da Disney (no
geral os hqs lançados pela Editora Abril, na época). Sempre fui muito estimulada a ler em casa e na
escola. Em 2008, fui estudar quadrinhos na HQ em Foco e resolvi procurar mais
sobre esse universo. Acabei imergindo tanto que já tenho ideia pra diversas
histórias que pretendo escrever e desenhar.
2.
Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
Nessa época que comecei a estudar
quadrinhos, alguns dos primeiros que comprei foi “O Circo de Lucca” do Jozz –
que vim a conhecer na HQ Mix, na Roosevelt, até então (hoje a loja não existe
mais, infelizmente); Café Espacial e A Avenida (algo assim). Percebi recentemente que estava mais próxima
do mundo independente do que pensava. Uma, porquê via coisas bem interessantes
na HQ Mix e comprei algumas, e outra, porquê meus professores dessa escola
fazem quadrinhos independentes.
Talvez sirvam de inspiração e
referência de diversos modos. Seja em roteiro, tratamento gráfico, uso de
cor... Inspiração para minhas estórias também. Assunto de bar. rsrs Quadrinhos
geral ótimas conversas quando a galera tem repertórios diferentes e um
contribui para aumentar a coleção do outro.
4.
Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Essas perguntas de selecionar “O”
preferido são as mais doídas. rs. Posso dizer alguns. “Habib” do Craig Thompson
é absolutamente linda. A história é muito sensível e demonstra um pouco sobre a
sociedade árabe, maus tratos e machismos não só com as mulheres, mas
principalmente, entre outras coisas. Não bastasse isso, você passa muito mais
tempo lendo as imagens do que os textos. São ilustrações imensamente ricas de
detalhes o que influencia a narrativa visual e o conjunto da obra toda fica de
tirar o fôlego.
Outra HQ que gosto bastante é
“Arkham Asylum” do Grant Morisson e do Dave McKean. Por três motivos: 1. Tem o
Batman. Por algum motivo ainda não totalmente desvendado, Batman é o único
quadrinho de super heroi que eu (tenho interesse em) compro (ar); 2. É escrito
por Grant Morisson, cujo trabalho em “Invisíveis” é fantástico, ele reuni uma
infinidade de referências legais, e o roteiro dele pra essa HQ é
divertidíssimo; e 3. Tem Dave McKean, que trabalhou na maior parte dos projetos
visuais com Neil Gaiman. A Arte dele é forte, difícil de digerir em 80%/90% das
vezes, incomôda mas é muito interessante, então, pra quem gosta, simplesmente
continua lendo e acompanhando seu trabalho.
Pra terminar e não estender
demais, admiro demais o trabalho do Neil Gaiman. Ele escreve pra televisão,
romances, quadrinhos, e filmes (“Mirror Mask”, com Dave McKean). Um dos
trabalhos mais conhecidos dele nos quadrinhos é Sandman. Li algumas histórias,
mas conheço mais aquelas hqs “extras” desse mundo; e os livros que mais gosto
dele são “O Oceano no fim do caminho” e “Lugar Nenhum”, cujos ainda pretendo fazer
umas ilustras ou algum projeto visual envolvendo essas histórias.
5.
Quando e como começou a desenhar?
Desenho desde pequena, mas com os
afazeres da escola ficando mais complexos fui deixando um pouco de lado,
desenhando apenas na aula de educação artística. Um dia meu pai me perguntou o
porquê parei de desenhar, e percebi que queria voltar a esse mundo. Primeiro
pelo desenho, segundo pelas cores. Então, depois de formada no colégio, fiz
técnico em design gráfico, depois o curso de quadrinhos, e na faculdade tive
aula de desenho, não parando mais.
6.
Onde busca inspiração para criar?
Acho que de tudo que tenho
contato. Filmes, séries, livros, momentos engraçados e reflexivos entre amigos,
irmão, coisas que observo e percebo. É tudo muito entrelaçado, uma coisa
influência outra.
7.
Na hora de trabalhar/criar, tem alguma mania?
Rsrsrs Pra conseguir trabalhar
mas focada não posso estar em casa por conta das distrações (internet,
geladeira... ). Mas forçando um pouco pra eu fazer minhas coisas, música ajuda
muito e manter um clima mais “introspectivo” em relação com o mundo externo.
8.
Tem algum trabalho mais marcante?
Marcante talvez não, considerando
que estou começando ainda nas artes narrativas e visuais mas, lancei ano
passado na Comic Con Experience meu livro em aquarela “A Jornada na Caverna”. É
um projeto que iniciou nas aulas de quadrinhos na faculdade e resolvi
publicá-lo independente tendo minha marca de sketchbooks artesanais – Sky
Pirate Design – como editora.
9.
Qual a maior dificuldade encontrada na hora de criar?
Acho que me organizar, separar um
tempo no dia-a-dia para finalizar meus projetos. Em casa têm muitas tentações
rs – internet, geladeira, sofá – então ajuda se eu estiver produzindo em algum
outro lugar. Mas música me ajuda a concentrar no que faço, quando é ilustração
e não texto.
10.
Existe algum tema que se recusaria a usar nos seus
trabalhos? Por quê?
Ainda não sei. Por enquanto a
maior parte das coisas que fiz tem um visual mais voltado ao público
infantil/juvenil, mas tenho histórias que estou trabalhando que é mais para o
público juvenil/adulto. Algumas delas envolvem zumbies, assassinatos,
injustiças com as mulheres e crianças.
11. O que vem por aí?
Estou trabalhando um roteiro para
uma HQ noir. Sendo assim, preciso de um detetive (check), um vilão (check), um
crime... Como comentei acima, ainda não sei ao certo meus limites como autora,
mas as vítimas desses crimes são crianças. Horrível, deprimente, perda de fé na
humanidade... Mas é algo que soube que acontece de fato, e precisava ser
“pesado” o suficiente para desenvolver a trama. Caso eu pense em algo mais leve
e ainda sim interessante, eu mudo. Pretendo lançar o quadrinho ano que vem ou
no seguinte. É um projeto que quero trabalhar com cuidado.
12.
Algum recado para os leitores?
Se tem algo que te faz brilhar os
olhos em fazer, vá atrás. Com certeza não será fácil, mas com muita dedicação
valerá a pena. Quando a gente vê o projeto final impresso, de verdade, todo o
tormento que passou para concretizá-lo vale a pena. Então insista no que te faz
feliz.
Muito bom, sou fã!!!
ResponderExcluir