segunda-feira, 6 de junho de 2016

A Volta do Manual do Escoteiro Mirim - por Renato Azevedo




A Volta do Manual do Escoteiro Mirim


            Há pouco tempo, quando a Editora Abril anunciou o projeto de relançamento do Manual do Escoteiro Mirim, clássico dos clássicos lançado originalmente no Brasil em 1971, os fãs ficaram absolutamente alucinados e em polvorosa. Não era para menos, já que quem viveu essa época lembra muito bem dos clássicos manuais Disney, dos quais o dos Escoteiros era o maior sonho de consumo.

            Nesta sexta-feira, 03 de junho, a Abril promoveu um evento de lançamento, com, direito até a presença de legítimos escoteiros! Foi feita uma apresentação com uma breve história de Donald e seus sobrinhos, Huguinho, Zezinho e Luizinho, que originalmente tornavam a vida do tio muito difícil com sua bagunça. Aliás, o termo usado para descrever como eles faltavam na escola também é deliciosamente clássico, “gazeteiros”. Então, o brilhante quadrinista Carl Barks teve a ideia de colocá-los como escoteiros, mas não exatamente no movimento oficial. Pesquisem para conhecer o termo original em inglês!

            Aqui no Brasil, resolveu-se que eles seriam chamados escoteiros mirins, e dessa forma as histórias ficaram ainda mais interessantes e engraçadas, mas acima de tudo colocando os meninos como a bússola moral do Donald, que sempre foi um cara egocêntrico e por vezes de mal com o mundo.

            E em tempo, o alter-ego de Donald, o Superpato, é o maior herói não humano dos quadrinhos, pronto, falei!

            Nas histórias, os escoteiros sempre estavam lá para salvar o dia, divulgando valores de honra, lealdade, respeito e coragem. Em uma história, vejam só, o Tio Patinhas quer investir em um projeto que resultará na destruição de uma floresta, e são os escoteiros que o impedem. E tudo sempre consultando o Manual do Escoteiro Mirim, que tinha informações para absolutamente tudo! Era quase um Google em papel, e se existe um livro que é uma Tardis, muito maior por dentro, era este!

            Eis então que, na Itália, tiveram a brilhante ideia de lançar uma versão física do Manual do Escoteiro Mirim, tentando se aproximar, ao menos um pouco, da magia do livro usado pelos escoteiros. E foi um estrondoso sucesso! Aqui no Brasil a Editora Abril decidiu também publicar o Manual, logicamente com algumas adaptações, por exemplo, explicando os detalhes de nossa bandeira, e foi naturalmente outro estupendo sucesso, resultando em seguidas reimpressões e novas edições, além de muitos outros lançamentos como os Manuais do Tio Patinhas, Professor Pardal, Mickey, Vovó Donalda e muitos outros.

            Um destes, por sinal, foi o Autorama Manual do Automóvel, que tive a felicidade de encontrar recentemente em um sebo. E não, não dou, não vendo e não Empresto!

            Muito mais recentemente, dentro do grande projeto de trazer de volta as clássicas histórias da Disney, que tem levado a Abril a publicar várias edições fantásticas, em capa dura e em suas edições Big e Jumbo, surgiu a ideia de relançar o Manual. Mas evidentemente vieram dúvidas, como por exemplo adaptar as informações e a própria ortografia para a atual?

            Lançada uma pesquisa informal na internet e redes sociais, a resposta foi unânime: NÃO! Evidentemente todos queriam o Manual do Escoteiro Mirim conforme era, até mesmo sem a alteração na ortografia feita ainda naquele 1972, e especialmente sem essa (detestável) mais recente.

            O problema era: como fazer isso? Utilizar os volumes guardados no arquivo da Abril, que tem até ar-condicionado de alta tecnologia para melhor conservação dos volumes, nem pensar! Aliás, pelo que disseram, a segurança lá é digna da Área 51 (a Ma não curte muito os ETs, ou cabeçudos, então melhor eu parar por aqui...), para ter uma ideia para folhear um Pato Donald número 1 da Abril só de luvas e com o funcionário ali do lado, e NADA sai do arquivo.

            Sem contar que o processo de digitalização iria desfazer o volume, mas felizmente um exemplar em excelente estado do Manual foi encontrado no interior paulista, e o trabalho pôde ser feito. Tudo foi escaneado, digitalizado, tratado, colorido, recuperado, e todas as minúcias mais necessárias para recriar uma obra tão querida e especial.

            E o resultado... MARAVILHOSO! É o mesmo manual, absolutamente idêntico ao lançado no início dos anos 1970, com duas pequenas alterações: duas receitas de bebidas apresentadas continham álcool, e pela lei do Estatuto da Criança e do Adolescente, é absolutamente proibido qualquer incentivo à ingestão de álcool por crianças. Lá na Itália, onde o Manual foi relançado primeiro e existe outra cultura, tudo ficou igual, mas aqui, para respeitar a lei, foi feita a alteração sinalizada por uma nota sob um asterisco, mas de fato nada que comprometa a qualidade do material.

            Os fãs, evidentemente, amaram a novidade, curtindo esse sentimento de nostalgia tão legal quando nos lembramos dos bons tempos, a vida mais simples e muito mais saborosa. O Manual traz uma enorme e surpreendente gama de assuntos, como tipos de nós, como passar mensagens secretas, escrever com tinta invisível (essa vai ser a primeira que vou tentar, hehehe), mapa das constelações, como tirar manchas, pequeno dicionário em cinco idiomas para os viajantes, as grandes pistas de corrida do mundo (mostrando as porcarias que são as mais recentes, pronto, falei), patentes das Forças Armadas...

           Para os novos tempos que, esperamos, estejam chegando a nosso país, um lançamento como esse, trazendo valores e conhecimentos que jamais deveriam ter sido esquecidos, é um grande presente que a Editora Abril nos traz! E para nos torturar mais um pouco, ou melhor dizendo, para fazer os fãs se deliciarem ainda mais, a Editora Abril ainda prometeu vários outros lançamentos, como uma série de livros em capa dura com clássicas histórias de Donald e seus sobrinhos por Carl Barks, e com um detalhe, as mesmas cores da época, e as mesmas letras, que eram feitas a mão pelo grande mestre! Especialistas da Abril criaram uma fonte especial que reproduz perfeitamente a caligrafia de Barks, só para ter uma ideia de como o trabalho está sendo feito.

            E claro, depois do Manual do Escoteiro Mirim, que já está na segunda reimpressão pois a primeira esgotou, a Abril anunciou o Projeto “O Retorno”, trazendo de volta os clássicos Manuais que fizeram a alegria nos fãs entre os anos 1970 e 1980! Anote então na agenda, e comece a separar dinheiro: agosto, Manual do Tio Patinhas; setembro Manual do Prof. Pardal; outubro, Manual da Maga e Min; novembro, Manual do Mickey; dezembro, Manual da Vovó Donalda.

            E sim, se relançarem o Autorama Manual do Automóvel é claro que compro!

           Resta-nos agradecer aos editores Sergio Figueiredo e Paulo Maffia pelo convite para participar do lançamento, parabenizá-los pela exposição no evento, e a eles e demais profissionais da Editora Abril que realizaram o magnífico e primoroso trabalho de relançamento do Manual do Escoteiro Mirim deixar um muito obrigado pela maravilhosa iniciativa. O Manual é mais uma prova inequívoca que coisas boas são atemporais, deixam imensas saudades, e merecem sempre ser revisitadas.

            Já estamos aguardando ansiosamente pelos próximos!


Renato Azevedo







5 comentários:

  1. Ótimo post. Eu tenho este manual, mas já está muuuuito detonado, vou comprar a nova edição e provavelmente TODOS os outros que saírem. :-)

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  2. Ótima iniciativa da Abril! Os saudosistas adoraram. Muita gente comprou para seu filhos e netos certamente. Mas tenho dúvidas com relação a aceitação por parte destas novas gerações da era da internet, que tem um mundo de informações ao toque de um botão. Que tem a disposição uma diversidade de mídias. Naquela época não se tinha muitas opções além dos livros e revistas.

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  3. Eh claro que vou comprar minha coleçao. Mas reintero o que ja foi dito. Espero que a Editora evite publicar os proximos manuais com as ilustraçoes apresentando as cores esmaecidas. Ponham as gloriosas cores originais!

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  4. Eh claro que vou comprar minha coleçao. Mas reintero o que ja foi dito. Espero que a Editora evite publicar os proximos manuais com as ilustraçoes apresentando as cores esmaecidas. Ponham as gloriosas cores originais!

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