A
História e Glória da Dinastia Pato é uma das mais grandiosas tramas já
publicadas nos quadrinhos. Lançada aqui no Brasil primeiro nas revistas de
linha da Disney entre 1974 e 1979, depois como minissérie em 1987 e finalmente em
dois volumes de capa dura em 2009, é uma das mais cultuadas sagas Disney de
todos os tempos, mostrando os antepassados da Família Pato forjando sua
trajetória desde a Antiguidade até os dias atuais. As histórias são conhecidas
através do contato com antigas moedas, guardadas em um precioso baú que é um
dos tesouros mais bem cuidados pelo Tio Patinhas.
Só
que ao final da história algo acontece, e o baú parece perdido para sempre. Mas
eis que a tecnologia avança, e o velho Patinhas não iria deixar o que é seu por
direito ficar dando sopa por aí. Então convoca os sobrinhos para uma nova
aventura, a fim de recuperar o tesouro. E esse é o início da trama de A Nova
História e Glória da Dinastia Pato, dividida em seis capítulos publicados em
mais uma novidade da Editora Abril para os fãs da Disney, Disney Saga nº 1,
lançada em fevereiro último.
Conforme
já falamos na resenha de Lendas Disney nº 1 - Superpato Original, essa é uma
nova série de edições trimestrais da Disney, com 192 páginas, ótimo acabamento,
profusão de textos extras e valor de R$ 29,90. Pelas histórias e pelas
informações histórias são edições que não podem faltar para nenhum
colecionador, e conforme pudemos constatar, trazem excelentes histórias e, no
caso de Sagas, ótimas referências para o fã de Ficção Científica.
Sim,
pois se História e Glória era sobre os antepassados dos patos, A Nova História
e Glória trata de seus descendentes. Como é possível? Lógico que não vamos
entregar spoilers, mas apenas dizer que, junto ao baú de que falamos acima,
outro tesouro foi descoberto por Tio Patinhas, Donald, Huguinho, Zezinho e
Luizinho. E é esse novo tesouro que permite aos patos ver o que será de seus
descendentes nos próximos séculos!
No
primeiro capítulo, daqui a um século Patópolis estará sofrendo com um
adensamento populacional sem precedentes, e adivinhem qual o único terreno
relativamente aberto na cidade? E evidentemente certo Tio Macpat não está
disposto a abrir mão de sua centenária caixa-forte, logo elabora um audacioso
plano para se estabelecer em um local que mesmo em sua época ainda não foi
devidamente explorado, o oceano. É divertido ver os problemas que a
superpopulação causa, e a história ainda traz referências a uma trama clássica,
O Trenzinho da Alegria. Recomendamos pesquisar a respeito no estupendo site de
referência O Guia dos Quadrinhos, aliás!
Daqui
dois séculos uma nova e próspera Patópolis existe no meio do oceano, habitada
por cientistas. Mas Tio Patínio se preocupa somente com seus lucros, mesmo que
o ouro não tenha muito valor em seu tempo. Até Beta Donald é um cientista, e é
ele quem descobre uma ameaça astronômica, um meteoro que se dirige contra
Patópolis. Esse elemento da trama me trouxe à memória o filme Cidade sob o Mar
(City Beneath the Sea, Warner Bros, 1971), também envolvendo ouro e a ameaça de
um meteoro, além de contar com a aparição do mesmo Sub Voador da série Viagem
ao Fundo do Mar!
Aliás,
conforme os autores de A Nova História e Glória da Dinastia Pato, Alessandro
Sisti e Claudio Sciarrone, entrevistados no texto extra ao final da edição,
essa Patópolis no meio do oceano tem um pouco da Patópolis futurista de As
Novas Aventuras do Superpato (confiram a respeito, aliás, lá no Escritor com R).
Trezentos
anos além de nossa época, Patópolis se uniu a cidades vizinhas em uma
megalópole muito bem planejada. Contudo, Tio Patinhas lamenta pela uniformidade
dos edifícios que já o fez perder bons negócios. Junto a seus sobrinhos,
portanto, ele procura o gênio Pardal para obter uma solução. Contudo acontece
um problema, e certo detetive rato precisa ser chamado para solucioná-lo. Muita
confusão, encontros com outros personagens, idas e vindas depois o mistério é
solucionado, e Patinhas encontra uma solução para vários problemas de sua
sociedade.
Quatro
séculos no futuro e contemplamos autênticas cidades aéreas, deixando a
superfície livre para o cultivo de inúmeras variedades de plantas. A forma
esférica das construções, aliás, evoca outra obra de Ficção Científica, a série
literária alemã Perry Rhodan, que vem sendo ininterruptamente publicada desde
1961, onde a maioria das naves possuir formato esférico.
Nesse
mundo futurista ainda está presente a rivalidade de Tio Patinhas com
Plantacôncio, descendente do Patacôncio de nossos dias. O líder da Família Pato
nessa época convoca o inventor Pardaleco para uma inovadora iniciativa, uma
planta de dinheiro, contudo ela não é bem sucedida. Mas como outros de sua
dinastia, Patinhas consegue se superar e se dar bem diante dos rivais, dando
os primeiros passos rumo a uma nova fronteira, o espaço!
A
próxima trama se passa em 2518, em pleno Império Solar (mais uma menção a Perry
Rhodan). O reino espacial da humanidade e da patinidade (ha-ha) é comandado por
uma elite imperial preguiçosa e decadente. Claro que vemos aqui uma direta
referência a um dos maiores clássicos da Ficção Científica, a Trilogia Fundação
do mestre Isaac Asimov!
Nesse
Império decadente o Tio Patinhone sofre por ser o único disposto a trabalhar, e
seus prejuízos só aumentam diante da indolência da corte. Pensando bem, há algo
muito parecido acontecendo em certo país sul-americano nem tão distante... Patinhone,
junto a seus sobrinhos, luta contra esse deplorável estado de coisas e seu
rival, Pat Al Con, em um ponto da trama geral no qual as coisas começam a ficar
claras, com importantes revelações. E, contra um sistema decadente e inepto que
se recusa a mudar, a única alternativa é buscar outras fronteiras a explorar!
No
ano 2618 a Dinastia Pato se estabeleceu em diversas colônias em outros mundos,
batizados em honra a seus antepassados. E um minúsculo spoiler absolutamente
indolor, mas a Caixa-Forte espacial do Tio TP1+ ficou muito parecida com um
Cubo Borg, para este fã de carteirinha de Star Trek! Ecos do passado,
descendentes de antigos inimigos e um buraco negro completam a trama, que
completa o ciclo fazendo uma ligação com o presente. E como é habitual, nosso
bom, velho e querido Tio Patinhas sempre dá um jeito de conseguir aproveitar, e
tirar muito lucro, de qualquer oportunidade!
Disney
Saga nº 1, com A Nova História e Glória da Dinastia Pato, é uma belíssima
edição, tem excelente acabamento como é habitual no selo Disney da Abril, e
traz várias novas versões dos personagens que tanto amamos. É evidente que é
complicado compará-la com A História e Gloria da Dinastia Pato, a história
original e muito mais grandiosa, já considerada um clássico. Mas é muito
divertida e com excelentes ideias, muitas situações interessantes e
interessantes discussões que valem inclusive para nosso mundo e nossa época. A
Casa Disney tem muito, muito material para compor as próximas edições, e o nº 2
da Disney Saga já está sendo aguardado ansiosamente. E você, qual Saga
grandiosa gostaria de conferir na segunda edição?
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