Depois
das resenhas de Lendas Disney 1, e Disney Saga 1, temos o grande prazer de
apresentar a vocês nossas impressões de O Melhor da Disney Brasil 1. Com isto,
completamos os três volumes da coleção intermediária que a Editora Abril
publicou no primeiro trimestre deste ano, não sem um enorme sentimento de vazio
na própria alma.
Como
todos evidentemente devem estar sabendo, a Abril anunciou ainda ao final do
primeiro semestre que as edições de seus quadrinhos de julho seriam as últimas.
Uma história belíssima e extraordinária, construída ao longo de 68 anos,
terminou assim de maneira abrupta, deixando milhões de fãs brasileiros órfãos
e, muito pior, centenas de famílias encarando o desemprego em meio a uma das piores
crises do país. Basta procurarem que poderão ler as lamentáveis notícias a
respeito do drama dos ex-funcionários da empresa, com quem evidentemente nos
solidarizamos.
Quanto
às publicações Disney no Brasil, aliás, o silêncio é total, e os boatos, muitos.
Os mais fortes dão conta de que a Panini irá assumir, repetindo o que acontece
na Itália com a Topolino e outras revistas. Outros rumores dão conta de que a
Abril teria renovado o contrato até o final do ano, e por isso um anúncio do
retorno dos quadrinhos Disney às bancas ainda não foi feito. Como deixamos
claro, rumores somente.
Mas
vamos ao que interessa, uma análise da primorosa O Melhor da Disney Brasil 1! A
edição engloba os anos de 1950
a 1952, e a capa reproduz aquela de O Pato Donald 1 de 12
de julho de 1950, com arte de Luis Destuet, arte-final de José Wilson
Magalhães, cores de Cris Alencar e projeto gráfico de Fábio Figueiredo. A
edição abre com quatro páginas explorando o que aconteceu no mundo, na cultura,
nos esportes e nos quadrinhos nos anos destacados, apresentando o contexto no
qual as histórias foram produzidas. E em cultura devemos destacar que aqueles
anos viram, entre outros, os filmes Alice no País das Maravilhas e O Dia em que
a Terra Parou. No esporte, claro, a copa do mundo com o melhor resultado da
seleção brasileira em terras tupiniquins e as vitórias do grande Chico Landi,
pioneiro do automobilismo brasileiro. E nos quadrinhos, claro, além de O Pato
Donald, as estreias das revistas Mad, Strange Tales e outras.
A
primeira trama é O Segredo do Castelo, uma preciosidade do próprio Homem dos
Patos, Carl Barks, na qual Tio Patinhas leva os sobrinhos para visitar o
castelo dos Mac Patinhas na Escócia. A sombra do esqueleto de espada na mão
perseguindo nossos heróis é uma das mais fantásticas e assustadoras já vistas
nos quadrinhos Disney, prova de que o mundo vem ficando muito chato nos últimos
tempos... Depois vem A Selva Mágica, na qual Mickey e Pateta precisam viajar
até as selvas da América do Sul em busca de uma rara flor. E enganando muitas
pessoas ao longo da história, até mesmo no final! Muito surpreendente nos
tempos de hoje, diga-se.
Cada
história, aliás, é precedida por uma página descrevendo sua publicação original
e no Brasil, e as mudanças ao longo do tempo. Também há páginas, anteriores às
descritas antes, com curiosidades diversas, como os nomes dos personagens. Tio
Patinhas já foi Tio Patiludo, e seu sobrenome já foi Mc Anjo, vejam só! Por
sinal, todas as tramas são apresentadas completas, e a seguinte é Lobinho e o
Porquinho Prático, na qual os dois grandes amigos se conhecem, para grande
desgosto de Lobão. O Rei do Carnaval foi a primeira história do senhor José
Carioca a ser produzida para uma revista em quadrinhos, publicada nos Estados
Unidos em 1942, e aqui somente em 1951. Só depois nosso querido papagaio ficou
conhecido como Zé, mas já estavam lá sua bem conhecida malandragem.
Depois
de uma página com uma visita de Zé e Donald ao Pão de Açúcar, outra página
apresenta o contexto de Tempos Modernos, a primeira HQ com Vovó Donalda e
Gansolino. A seguir é a vez de Na Ilha Maldita, em que Mickey e os sobrinhos
enfrentam João Bafo-de-Onça. Sabiam que o vilão foi criado bem antes do rato
herói? Mais uma mostra de como essa edição realmente é obrigatória a qualquer
colecionador!
Donald
Sonâmbulo, a próxima história, de novo mostra o quanto nosso querido pato sofre
nas mãos dos sobrinhos. Pobre Donald retoma o tema do sonambulismo, em uma
história que é praticamente uma adaptação de um desenho intitulado A Hora de Dormir
do Donald. Por sinal, a página que surge ao final dessa história traz um pôster
desse programa, que pode ser inclusive assistido no Youtube! Ação entre Amigos
mostra de novo os “anjinhos” que são os sobrinhos de nosso pato preferido, e
quem ficar incomodado com o final lembre-se do contexto da época, por sinal
devidamente explicado na página que antecede a história. O Complexo de Pluto é a trama a seguir, e
depois dela encontramos uma página dupla descrevendo vários clássicos das
animações Disney, incluindo Alô Amigos, e Você já foi à Bahia?
Um
desses clássicos, aliás, foi adaptado para os quadrinhos na história que fecha
a edição, Mickey e o Pé de Feijão. É bem provável que a maioria absoluta dos
leitores se lembre do desenho, no qual Mickey, Donald e Pateta sobem o
monumental Pé de Feijão até o castelo do Gigante, a fim de recuperar a Harpa
Dourada.
Esse,
afinal, é o grande barato de O Melhor da Disney Brasil 1, essa viagem no tempo
até uma época mais inocente e também mais livre, com histórias repletas de
inocência e do puro humor Disney. Histórias que nossos pais e até mesmo avós
leram, e que fizeram a alegria dos fãs de quadrinhos por gerações. A edição é a
versão brasileira de I Migliori Anni Disney, e no mais recente Festival Guia
dos Quadrinhos, em abril, tivemos a oportunidade de conferir um exemplar
italiano, e podemos dizer tranquilamente que a versão brasileira ficou tão boa
quanto, possivelmente melhor!
O
Melhor da Disney Brasil 1 é um precioso documento da história dos quadrinhos em
nosso país, e só podemos sonhar com o que poderia ter sido a publicação das
edições posteriores dessa série. A promessa era de publicação trimestral,
alternando-se com Lendas Disney e Disney Saga, mas infelizmente esta não foi
cumprida devido à interrupção das publicações Disney pela Abril. Como fãs e
brasileiros, que nunca perdem a esperança, resta-nos aguardar e torcer muito,
esperando para o mais breve possível a volta dos quadrinhos Disney a nossas
bancas e livrarias. Que isso aconteça logo, e as histórias de Donald, Mickey,
Pateta e tantos outros personagens retornem para inspirar novas gerações de
leitores.
"O Melhor da Disney - Brasil" tinha tudo pra ser um dos melhores lançamentos de quadrinhos dos últimos anos. Mesmo que haja a volta da publicação de quadrinhos Disney no Brasil, jamais teremos publicação com essa temática, logicamente, por fazer parte do acervo da Editora Abril. Uma pena!
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