terça-feira, 7 de julho de 2015

ESPECIAL QUADRINHOS: Entrevista Edu Marchiori








Eduardo Machiori, jornalista formado pela Universidade São Judas Tadeu e pós-graduado em Comunicação Empresarial pela Uninove. Foi repórter das revistas Garra, Destacke e Nutrinews; editor-assistente da revista Indústria de Laticínios. Também colaborou com os sites Papo de Quadrinho, Antigravidade, 4All Magazine e Cajumanga. Atualmente, trabalha como freelancer e colaborador das revistas Mundo dos Super-Heróis, Mundo Nerd e do blog O Pastel Nerd, além de ser o criador e responsável pelo informativo católico Construtores do Reino. 

Contato:
Blog Raio X: http://mutantexis.wordpress.com
Twitter: @mutantexis


1.               Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?

Desde que aprendi a ler, com três anos de idade. Lia de tudo, mas como sempre tive interesse por super-heróis - graças aos desenhos "desanimados" da Marvel e a animação do Homem-Aranha (de 1967) - comecei a me sentir mais atraído por esse tipo de quadrinhos.

2.               Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?

Foram as HQs do Homem-Aranha, publicadas pela Ebal, ainda em preto-e-branco. Na época, não colecionava quadrinhos, pois ainda era criança e meus pais compravam edições aleatórias, só para me distrair. Foi só a partir de 1980, com a revista Super-Heróis Marvel 7, da RGE, que comecei, definitivamente, a colecionar as edições. Guardava e relia sempre. O engraçado é que, na época, havia uma promoção de figurinhas para preencher um pôster do Homem-Aranha. Cada revista trazia um envelope com três figurinhas que, além das partes do pôster, traziam também vales-revistas grátis. Com SH7, ganhei duas revistas do Homem-Aranha. Troquei a primeira do Aranha e ganhei mais uma do Quarteto Fantástico. Troquei a do Quarteto e ganhei outra do Hulk. Quem gostou da "brincadeira" foi meu pai, que gastou com uma revista e ganhei mais quatro. hehehehe...

3.               Como os quadrinhos influenciaram sua vida?


Super-heróis sempre têm a questão de superação, de fazer o bem, de respeitar a vida acima de tudo (mesmo de vilões). Acredito que isso foi muito importante para a formação moral de uma criança, pois compartilho de muita coisa que aprendi com os super-heróis. A icônica frase "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", por exemplo, não serve apenas para superpoderes, mas também para um cargo numa empresa ou uma posição social. Eu me formei jornalista por amor ao Superman, que também segue essa profissão, e por acreditar que a informação é a base para uma sociedade bem estruturada. E, claro, a leitura foi essencial para desenvolver um bom vocabulário, uma escrita correta e, posteriormente, o interesse pela Língua Portuguesa e a escolha da minha profissão. Os quadrinhos estão presentes no meu DNA.



4.               Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?

Sou bem eclético e gosto de tudo um pouco, embora não seja colecionador. Sempre li Turma da Mônica (será que existe alguém que nunca leu?), Luluzinha, Disney... No entanto, prefiro mesmo as HQs de super-heróis, preferencialmente os da Marvel (mas também leio DC). Ultimamente, como os heróis estão numa fase tão ruim nos quadrinhos, tenho ampliado meus horizontes para outros personagens, como X-O Manowar (publicado pela HQM), Valente (Victor Caffagi), Turma da Mônica Jovem e as graphic novels adultas de Mauricio de Sousa, que tem se mostrado um excelente material. Alguns alternativos também tenho gostado. O que eu não curto mesmo é mangá. Já tentei ler alguns, mas não consigo curtir o estilo.

5.               Qual seu quadrinho favorito? Por quê?


Sempre foi e sempre será o Homem-Aranha. Identifico-me bastante com o personagem, por toda sua problemática, seu azar e o bom humor para lidar com os problemas. Acho que todo mundo tem um pouquinho de Peter Parker.

6.               Quando e como começou a trabalhar na área?

Ainda fazendo faculdade de jornalismo, propus aos catequistas da igreja que frequento a criação de um jornalzinho informativo. Eles me encarregaram de dar corpo ao projeto, que se tornou a revista católica Construtores do Reino, publicação que faço até hoje. Como uma tarefa remunerada, porém, comecei alguns anos após me formar, com alguns trabalhos aleatórios de revisão e pequenas matérias escritas na revista Destacke (Ed. Escala) e jornais de bairro (Gazeta da Zona Norte e Expressão Teen) até que, em 2001, fui contratado pela revista Nutrinews, uma publicação voltada para o mercado de alimentação fora do lar. Em seguida, fui editor-assistente da revista Indústria de Laticínios por cinco anos, antes de chegar à Mundo dos Super-Heróis.


Acervo pessoal


7.               Trabalhar com HQ/cultura sempre foi um objetivo de vida?

Pior que não... rsrsrsrs... jamais me imaginei trabalhando com quadrinhos. Quando optei por jornalismo, meu grande sonho era trabalhar na redação de um grande jornal e correr pelas ruas em busca de matérias, assim como fazia o Superman e o Homem-Aranha. Sempre tive paixão por televisão e queria muito ser repórter de TV, mas esse meio é muito fechado e as oportunidades são poucas. No fim, a vida dá uma reviravolta e, o que era um lazer virou uma profissão. Não dá pra reclamar, né?

8.               Como começou a trabalhar na Mundo dos Super Heróis?

Compro a revista desde a primeira edição, que saiu na onda do filme Superman - O Retorno (2006). Foi criada uma comunidade no Orkut e comecei a participar dela, onde conheci o pessoal que escrevia para a revista e começamos a interagir juntamente com outros leitores, discutindo sobre as matérias e assuntos nerds. Quando a revista começou a crescer, o jornalista Jota Silvestre, que era um dos colaboradores, me indicou para o editor Manoel de Souza para fazer parte do cast. Comecei com textos curtos para um livro que estava nos planos da editora - e que não saiu até hoje - e, a partir da edição 14, com o dossiê de Stan Lee, passei efetivamente a fazer parte da revista.

Acervo pessoal
9.               Como é trabalhar na “área nerd” hoje em dia?


Primeiramente, não é um trabalho, é uma diversão. Imagine que, para adquirir conhecimento sobre os temas dos meus textos, eu tenho que ler gibis, assistir filmes, ver séries de TV... Nos dias de hoje, em que as nerdices estão na moda e os super-heróis estão bombando em todas as mídias, o trabalho na área passou a ser bastante visado e de uma responsabilidade tremenda. Sempre me preocupo em buscar informações que possam servir para este público que está descobrindo os super-heróis no cinema e nunca pegou uma revista em quadrinhos nas mãos. Embora eu me divirta muito fazendo meu trabalho, ele deixou de ser um lazer para se tornar algo bastante relevante na transmissão da cultura popular.   

10.            Algum trabalho mais marcante?


Vários. Considero meu trabalho na revista Indústria de Laticínios uma grande escola que me ensinou muita coisa da área editorial. Como editor-assistente, fui responsável pela criação de pautas da revista e tive o prazer de ser o primeiro a dar um grande destaque à exposição urbana CowParade, que já percorreu diversas cidades brasileiras. A princípio pareceu algo irrelevante - mais uma exposição entre tantas na cidade - mas a repercussão causada pelo evento foi muito grande. Na Mundo dos Super-Heróis, também tenho meus trabalhos preferidos. A edição 14, com o dossiê de Stan Lee, por ser a primeira edição com minha participação, marcou bastante, principalmente pelo desafio de desenterrar uma fase da vida do "grande mestre" que era pouco conhecida: sua infância e juventude. Todos conhecem o Stan Lee, criador da Marvel, mas e o Stanley Lieber, o rapaz que começou com o "relevante" trabalho de redigir obituários no jornal da cidade? Outras matérias que gostei bastante de escrever foram os dossiês do Lanterna Verde, na edição 21 e o de Smallville, na edição 26. Recentemente, um que foi bastante divertido, foi o dossiê dos Guardiões da Galáxia (edição 57), pelo inusitado da coisa. Quem poderia imaginar que heróis tão obscuros e secundários se tornariam um filme de tamanho sucesso? Cada edição sempre traz um novo desafio, mas estes são os que ficaram mais na memória e os que mais gostei de fazer.




11.            O que vem por aí?

Com tantos filmes de super-heróis agendados para os próximos anos, podemos esperar muitas reportagens resgatando esses personagens dos primórdios de suas criações. Espero escrever muitas coisas legais sobre esse universo, durante muito tempo ainda e mostrar como os quadrinhos podem ser ricos de criatividade, arte e até mesmo colaborar para a formação moral dos leitores. Apesar da velocidade da Internet, ainda há espaço para publicações físicas, que reúnem informações exclusivas que, muitas vezes, o leitor não tem tempo (nem vontade) de procurar na Internet e a revista cumpre essa função. 

12.            Algum recado para os leitores?
Leiam muito. E incentivem seus filhos a lerem também. Não faz mal se é um "gibizinho" da Turma da Mônica, um livro como Crepúsculo ou uma revista de fofocas de novelas. Não se desenvolve senso crítico se não se ler o que é bom ou ruim. Não adianta eu achar que todo mundo deve ler Machado de Assis se não se começa lendo textos mais simples como histórias em quadrinhos, por exemplo. Ao invés de criticar quem lê algo que, pessoalmente, eu considero medíocre, prefiro incentivar a pessoa a ler o que quer que seja - desde que seja adequado à idade, obviamente. Não vamos dar 50 Tons de Cinza para uma criança ler só pelo prazer da leitura. rsrsrsrs... Leitura amplia o vocabulário, inconscientemente ensina normas gramaticais e estimula a imaginação. Portanto, busquem a leitura em todas as suas formas e aproveitem a viagem!


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns pelo trabalho desenvolvido! Com certeza, tão perseverante trajetória só poderia culminar nesta carreira de sucesso. Que venham novos textos, novas ideias e novos heróis para colorir nossas leituras. Abraços.

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