47 RONINS, JOHN ALLYN
Foto: Divulgação |
Quem tem acompanhado o blog, sabe que Marcos Crepaldi está começando nas resenhas e tenho aproveitado elas por aqui. Eu já havia lido esse livro e fiz a resenha aqui, mas ele tem um outro ponto de vista. ~Marcia
POR MARCOS CREPALDI
"Foi para me lembrar de nossa sorte que o mendigo foi colocado em meu caminho. (...) Veja, algumas pessoas passam a vida sem conhecer o caminho certo. São levadas por um vento ou outro, mas nunca sabem para onde estão indo. É, em grande parte, o destino dos plebeus, aqueles que não podem escolher o seu destino. Para aqueles de nós que nascemos samurais, a vida é algo distinto. Conhecemos o caminho da obrigação e o seguimos sem questionar. (...) Mas isso não quer dizer que seja um caminho fácil, porque sempre podem existir obstáculos aparentemente insuperáveis, como aquele que o cego enfrenta. Pode ser que este também tenha um sonho secreto de se vingar de seu opressor. Ele pode ter a justiça a seu lado, como nós, sem poder fazer nada a respeito. Digo que temos sorte. Sabemos o que deve ser feito, e está dentro de nossa capacidade fazê-lo acontecer."
"Lembre-se, existe sacrifício em qualquer vida. Ate mesmo o homem que escolhe o caminho seguro precisa abrir mão da emoção em combate. A verdade é que, quando você sabe o que quer, deve estar preparado para sacrificar tudo para consegui-lo. Aqueles que percebem isso são afortunados. Os que sabem e podem tentar. O que mais um homem pode pedir?"
Essas duas frases
que tive a liberdade de colocar neste espaço são do personagem Oishi para o seu
filho Chikara na obra 47 Ronins de John Allyn e elas explicam um pouco o que é
ser um samurai. Vamos esquecer o que foi mostrado no filme homônimo e vamos nos
concentrar em uma viagem até o Japão feudal do século XVIII.
Antes de tudo, uma
coisa deve ser dita para esclarecer o leitor que for se aventurar nessa viagem
épica: ser um ronin não era, a despeito de vários HQs, mangás e animes que
existem por aí, uma coisa boa no Japão feudal. Mas o que é um ronin? Resumindo:
ele era um samurai sem dono que sobrevivia na maioria das vezes como um
mercenário ou guarda-costas de um mercador e, por não servir a um daimyô, ficava
quase perto da base da pirâmide social. Explicado isso, vamos ao livro.
O livro conta como
47 ronins planejaram a vingança de seu daimyô, Lorde Asano, condenado a morte
por seppuku por ter cometido um ato considerado gravíssimo no palácio do xogum.
(mais detalhes, terão que ler o livro, hehehehe). A estória é belíssima e
mostra ao leitor a visão verdadeira do código de honra samurai (bushidô) como a
justiça, verdade, honra e lealdade (alguém aí se lembrou do código de honra dos
Thundercats?). Também dá uma visão clara de como era a vida e as dificuldades
que as pessoas comuns passavam sem dar aquele “romancismo” americano.
Mas aí, você, caro
leitor, pergunta... “O que leva 47 pessoas a se arriscarem por seu senhor?”
Bom, você pode tentar comparar esse feito com os heróis americanos em seus
filmes de ação (os quais adoro), mas o que os diferencia é o código samurai.
Quando um samurai é aceito na casa de seu senhor, ele o serve e a sua família
para o resto de sua vida, praticamente um contrato vitalício, o qual é uma
honra para o samurai e este o servirá mesmo que custe a sua vida. Esse código é
uma coisa tão forte para o samurai que, se ele falha em sua missão, é
preferível cometer seppuku para restaurar a sua honra do que viver desgraçado
pelo resto de sua miserável vida (ronin).
Por agora, eu
encerro esta resenha e espero que você, caro leitor, amante de um romance
histórico, tenha a felicidade de viajar pelo espaço-tempo onde os homens eram
medidos pelo seu caráter e coragem, sem nunca esmorecer diante das dificuldades
acreditando que, quando a causa é justa, o sacrifício é valido. Sayonara!!
Classificação: 5 CORUJAS
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