sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Resenha: 47 Ronins, John Allyn



47 RONINS, JOHN ALLYN

Foto: Divulgação


Quem tem acompanhado o blog, sabe que Marcos Crepaldi está começando nas resenhas e tenho aproveitado elas por aqui. Eu já havia lido esse livro e fiz a resenha aqui, mas ele tem um outro ponto de vista. ~Marcia
 
POR MARCOS CREPALDI

"Foi para me lembrar de nossa sorte que o mendigo foi colocado em meu caminho. (...) Veja, algumas pessoas passam a vida sem conhecer o caminho certo. São levadas por um vento ou outro, mas nunca sabem para onde estão indo. É, em grande parte, o destino dos plebeus, aqueles que não podem escolher o seu destino. Para aqueles de nós que nascemos samurais, a vida é algo distinto. Conhecemos o caminho da obrigação e o seguimos sem questionar. (...) Mas isso não quer dizer que seja um caminho fácil, porque sempre podem existir obstáculos aparentemente insuperáveis, como aquele que o cego enfrenta. Pode ser que este também tenha um sonho secreto de se vingar de seu opressor. Ele pode ter a justiça a seu lado, como nós, sem poder fazer nada a respeito. Digo que temos sorte. Sabemos o que deve ser feito, e está dentro de nossa capacidade fazê-lo acontecer."
"Lembre-se, existe sacrifício em qualquer vida. Ate mesmo o homem que escolhe o caminho seguro precisa abrir mão da emoção em combate. A verdade é que, quando você sabe o que quer, deve estar preparado para sacrificar tudo para consegui-lo. Aqueles que percebem isso são afortunados. Os que sabem e podem tentar. O que mais um homem pode pedir?"

Essas duas frases que tive a liberdade de colocar neste espaço são do personagem Oishi para o seu filho Chikara na obra 47 Ronins de John Allyn e elas explicam um pouco o que é ser um samurai. Vamos esquecer o que foi mostrado no filme homônimo e vamos nos concentrar em uma viagem até o Japão feudal do século XVIII.

Antes de tudo, uma coisa deve ser dita para esclarecer o leitor que for se aventurar nessa viagem épica: ser um ronin não era, a despeito de vários HQs, mangás e animes que existem por aí, uma coisa boa no Japão feudal. Mas o que é um ronin? Resumindo: ele era um samurai sem dono que sobrevivia na maioria das vezes como um mercenário ou guarda-costas de um mercador e, por não servir a um daimyô, ficava quase perto da base da pirâmide social. Explicado isso, vamos ao livro.

O livro conta como 47 ronins planejaram a vingança de seu daimyô, Lorde Asano, condenado a morte por seppuku por ter cometido um ato considerado gravíssimo no palácio do xogum. (mais detalhes, terão que ler o livro, hehehehe). A estória é belíssima e mostra ao leitor a visão verdadeira do código de honra samurai (bushidô) como a justiça, verdade, honra e lealdade (alguém aí se lembrou do código de honra dos Thundercats?). Também dá uma visão clara de como era a vida e as dificuldades que as pessoas comuns passavam sem dar aquele “romancismo” americano.

Mas aí, você, caro leitor, pergunta... “O que leva 47 pessoas a se arriscarem por seu senhor?” Bom, você pode tentar comparar esse feito com os heróis americanos em seus filmes de ação (os quais adoro), mas o que os diferencia é o código samurai. Quando um samurai é aceito na casa de seu senhor, ele o serve e a sua família para o resto de sua vida, praticamente um contrato vitalício, o qual é uma honra para o samurai e este o servirá mesmo que custe a sua vida. Esse código é uma coisa tão forte para o samurai que, se ele falha em sua missão, é preferível cometer seppuku para restaurar a sua honra do que viver desgraçado pelo resto de sua miserável vida (ronin).
               
Por agora, eu encerro esta resenha e espero que você, caro leitor, amante de um romance histórico, tenha a felicidade de viajar pelo espaço-tempo onde os homens eram medidos pelo seu caráter e coragem, sem nunca esmorecer diante das dificuldades acreditando que, quando a causa é justa, o sacrifício é valido. Sayonara!!
Classificação: 5 CORUJAS


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