Sidney Gusman
Tive o IMENSO PRAZER de entrevistar Sidney Gusman.
Feliz é pouco hein!
Aguardem mais entrevistas para esse especial!
Sidney Gusman (48 anos) é jornalista
especializado em quadrinhos, escreve sobre o tema desde 1990, em jornais,
revistas e sites. De 2000 a
2006, recebeu o Troféu HQ Mix de melhor jornalista especializado em quadrinhos do Brasil.
Foi
editor executivo da área de quadrinhos da Conrad Editora de 2001 a 2003, sendo responsável por obras
cultuadas, como Sandman e
Zap Comix, e mangás como Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco, One
Piece etc. De 2003
a 2006 foi editor da revista Wizard, da Panini, e lançou os livros 100 Respostas
sobre Super-Heróis, 100 Respostas sobre Hanna-Barbera, 100
Respostas sobre Batman e Grandes Sagas DC, todos pela Editora Abril.
Em
2006, lançou o livro Mauricio – Quadrinho
a Quadrinho, pela Editora Globo, que
conta a história da paixão do criador da Turma da Mônica pelos gibis.
Atualmente,
é responsável pelo planejamento editorial da Mauricio de Sousa
Produções, onde deu vida a projetos como MSP
50, MSP + 50, MSP Novos 50, Ouro da Casa, Graphic MSP,
Mônica(s) e outros. Além disso, é
editor-chefe do Universo
HQ (http://www.universohq.com), o principal site
sobre quadrinhos do País, que venceu dez vezes o Troféu HQ Mix (de 2000 a 2007 e 2009 e 2010)
em sua categoria.
É
considerado um dos maiores especialistas em história em quadrinhos do Brasil.
CONTATO:
email: sgusman@universohq.com
email para contatos em eventos: sgusman.palestras@gmail.com
Facebook: www.facebook.com/sidney.gusman
Twitter: www.twitter.com/sidneygusman
Instagram: www.instagram.com/sidney_gusman
Sites: www.sidneygusman.com / www.universohq.com
1.
Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Quando criança, como acontece com todo mundo. Eu era
um leitor, que nem sonhava em trabalhar com meu hobby. Como isso aconteceu?
Explico mais abaixo.
2.
Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
Não me lembro exatamente do primeiro que li, mas tenho quase
certeza de que foi um gibi da Mônica. Meu pai preferia comprar as revistas do
Mauricio porque eram nacionais. Porém, a primeira que me marcou pra valer foi
uma do Quarteto Fantástico, da Ebal. Mas não o tenho, pois era um gibi de um
outro garoto que me emprestou a edição enquanto esperávamos pra ser atendidos
num lugar que vendia xarope caseiro contra bronquite.
3.
Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Os quadrinhos passaram de um hobby para o meu
ganha-pão. E já me deram muito. Não falo do aspecto financeiro, mas das
oportunidades que me proporcionaram, das pessoas que conheci por causa deles,
dos lugares que visitei por trabalhar com HQs.
Simplesmente não consigo imaginar minha vida sem os
quadrinhos. Como costumo dizer, os quadrinhos já me deram mais do que eu dei
aos quadrinhos. Por isso tenho tanto tesão no que faço.
4.
Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
Essa eu sempre digo em palestras e entrevistas: meu
gênero favorito é o quadrinho bom! E
tem quadrinhos bons no Brasil, na Itália, no Japão, nos Estados Unidos, na
França, na Bélgica, na Alemanha, na Espanha e em muitos outros países. E ruins
também! Ou seja, sou um eclético.
Mas nem sempre fui assim, vale dizer. Quando decidi
escrever sobre quadrinhos, lia basicamente super-heróis e uma ou outra coisa
europeia (Asterix, Tintim e os material publicados pela revista Animal) ou do mercado alternativo dos
EUA.
5.
Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Poxa, eu já linha tanta HQ boa na vida, mas acho que meu
favorito continua sendo Os Companheiros do
Crepúsculo, do francês François Bourgeon,
que a Nemo lançou em 2013 no Brasil. É um primor de HQ, com uma trama que
envolve Idade Média, misticismos e fantasia. Merecia ser filmada pelo cinema.
Mas a lista ainda teria O Cavaleiro das Trevas, que, para mim, é a melhor história do
Batman em todos os tempos; Spirit, do
mestre Will Eisner leva meu voto pelo conjunto da obra; Watchmen, por mostrar que quadrinhos de super-heróis podiam ir além
do ponto em que então se encontravam; Ken
Parker, de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo, vale pela série toda; Um Contrato com Deus, do Eisner, é um
primor também; gosto de Asterix e Lucky Luke, na fase escrita por René
Goscinny; Corto Maltese vale pelo conjunto
da obra, mas especialmente por A Balada
do Mar Salgado e Sob o Signo do
Capricórnio.
Minha lista ainda segue com Lobo Solitário, que é a melhor HQ de samurais que li. Traço de giz, do espanhol Miguelanxo
Prado, ganha por ser uma das melhores HQs de viagem no tempo que li. Os Passageiros do Vento, também do
François Bourgeon, é outro clássico das HQs europeias. O Sandman, de Neil Gaiman, é uma das melhores séries de quadrinhos de
todos os tempos. Calvin e Mafalda, pela genialidade num espaço tão
diminuto quanto uma tira. E muitos outros.
6.
Quando e como começou a trabalhar na área?
Como tudo começou...
Sempre que
dou uma entrevista, vira e mexe me perguntam como comecei a trabalhar com
quadrinhos. Já contei várias vezes, mas como nem todo mundo as leu, resolvi
relatar aqui.
Bem, quando terminei o colegial, aos 17 anos, entrei na faculdade de Educação Física (por ser apaixonado por esportes). Eu me formei em 1986 e em 1988 cursei jornalismo. Claro que a intenção era trabalhar com jornalismo esportivo, o que fiz (em rádio) por quase dois anos.
Mas era uma época brava. Não ganhava nada (mesmo) na rádio e ainda estava na faculdade de jornalismo (a Metodista, de São Bernardo do Campo, na qual me formei em 1991). Então, eu e um grupo de amigos criamos um jornal mural (falo de 1989, não tínhamos nem sequer computador, quanto mais internet), no qual comecei a fazer algumas críticas de quadrinhos. Era a época do boom de editoras como Abril e Globo, e todos os grandes jornais de São Paulo abriam páginas e páginas para falar de HQs.
Aí, como a galera da faculdade sempre falava que meus textos estavam bacanas, decidi usar minha boa e velha cara-de-pau para tentar a sorte! Enfiei vários desses textos (datilografados, em sulfite e com as pontas das folhas furadas – por causa das tachinhas) debaixo do braço e saí visitando as pessoas que escreviam à época - André Forastieri (Folha;), Marcelo Alencar (Estadão), Alessandro Gianinni (Jornal da Tarde), Franco de Rosa (Folha da Tarde), Rosane Pavam (Diário do Grande ABC) e Leandro Luigi Del Manto (Editora Globo).
Bem, quando terminei o colegial, aos 17 anos, entrei na faculdade de Educação Física (por ser apaixonado por esportes). Eu me formei em 1986 e em 1988 cursei jornalismo. Claro que a intenção era trabalhar com jornalismo esportivo, o que fiz (em rádio) por quase dois anos.
Mas era uma época brava. Não ganhava nada (mesmo) na rádio e ainda estava na faculdade de jornalismo (a Metodista, de São Bernardo do Campo, na qual me formei em 1991). Então, eu e um grupo de amigos criamos um jornal mural (falo de 1989, não tínhamos nem sequer computador, quanto mais internet), no qual comecei a fazer algumas críticas de quadrinhos. Era a época do boom de editoras como Abril e Globo, e todos os grandes jornais de São Paulo abriam páginas e páginas para falar de HQs.
Aí, como a galera da faculdade sempre falava que meus textos estavam bacanas, decidi usar minha boa e velha cara-de-pau para tentar a sorte! Enfiei vários desses textos (datilografados, em sulfite e com as pontas das folhas furadas – por causa das tachinhas) debaixo do braço e saí visitando as pessoas que escreviam à época - André Forastieri (Folha;), Marcelo Alencar (Estadão), Alessandro Gianinni (Jornal da Tarde), Franco de Rosa (Folha da Tarde), Rosane Pavam (Diário do Grande ABC) e Leandro Luigi Del Manto (Editora Globo).
Fui sempre
bem recebido, mas conseguir um frila eram outros quinhentos. Até que, numa
dessas visitas, o Leandro leu e gostou do meu texto sobre Cinder e Ashe
(ao lado), minissérie que ele editou ainda na Abril. Aí,
perguntou se eu gostava de música, porque queria publicar na HQ Press
(seção que saía nas páginas centrais de Sandman e Fantasma, este
último um remake feito pela DC Comics nos anos 1990) uma matéria
sobre quadrinhos e música!
Cara, naquela hora, minha alegria era tanta, que se o Leandro me perguntasse se eu gostava do Palmeiras (sou corinthiano fanático, como quem me segue no Twitter e no Facebook sabe) era capaz de dizer sim... Bom, agora exagerei um bocado! :-)
Lógico que topei! Lembro que quando saí da Globo (na rua do Curtume, na Lapa, onde voltei a trabalhar em 2006, agora na Mauricio de Sousa Produções), virei pra trás pra ver se tinha alguém olhando e, quando me vi sozinho, dei um salto, como se estivesse comemorando um gol. E, pra mim, foi um gol mesmo! Era a chance de entrar no mercado de quadrinhos, algo que, até então, era um sonho apenas.
Só quando baixou a adrenalina que percebi: a missão não seria nada simples. O Leandro queria sete laudas (9.800 caracteres). Eu quase não tinha material de referência e meu conhecimento sobre quadrinhos não era tão grande. Aí, liguei para a saudosa Livraria Muito Prazer, que ficava na av. São João, expliquei a situação e perguntei se poderia passar o dia pesquisando lá.
Como a resposta foi sim, fiquei lá horas e horas, folheando centenas de HQs e anotando, anotando, anotando. Começou aí o meu gosto pela pesquisa, algo que sempre norteou meus textos desde então.
É incrível me recordar como as coisas mudam, mas aquele texto eu escrevi primeiro à mão! Só depois datilografei! Resultado: 14 laudas! O dobro! Quando entreguei, enquanto o Leandro ia lendo, minha agonia só aumentava. Depois de um bom tempo, ele falou: "Gostei muito. Tenho que dar um jeito de publicar inteira essa matéria!"
A sensação de dever cumprido só não foi maior do que a satisfação de sentir que eu finalmente estava assinando minha entrada no mercado de quadrinhos.
A matéria saiu nas edições 7 de Fantasma e Sandman, e como as revistas são de 1990, coloquei as quatro páginas (com poucas ilustrações, porque eu escrevi demais).
Cara, naquela hora, minha alegria era tanta, que se o Leandro me perguntasse se eu gostava do Palmeiras (sou corinthiano fanático, como quem me segue no Twitter e no Facebook sabe) era capaz de dizer sim... Bom, agora exagerei um bocado! :-)
Lógico que topei! Lembro que quando saí da Globo (na rua do Curtume, na Lapa, onde voltei a trabalhar em 2006, agora na Mauricio de Sousa Produções), virei pra trás pra ver se tinha alguém olhando e, quando me vi sozinho, dei um salto, como se estivesse comemorando um gol. E, pra mim, foi um gol mesmo! Era a chance de entrar no mercado de quadrinhos, algo que, até então, era um sonho apenas.
Só quando baixou a adrenalina que percebi: a missão não seria nada simples. O Leandro queria sete laudas (9.800 caracteres). Eu quase não tinha material de referência e meu conhecimento sobre quadrinhos não era tão grande. Aí, liguei para a saudosa Livraria Muito Prazer, que ficava na av. São João, expliquei a situação e perguntei se poderia passar o dia pesquisando lá.
Como a resposta foi sim, fiquei lá horas e horas, folheando centenas de HQs e anotando, anotando, anotando. Começou aí o meu gosto pela pesquisa, algo que sempre norteou meus textos desde então.
É incrível me recordar como as coisas mudam, mas aquele texto eu escrevi primeiro à mão! Só depois datilografei! Resultado: 14 laudas! O dobro! Quando entreguei, enquanto o Leandro ia lendo, minha agonia só aumentava. Depois de um bom tempo, ele falou: "Gostei muito. Tenho que dar um jeito de publicar inteira essa matéria!"
A sensação de dever cumprido só não foi maior do que a satisfação de sentir que eu finalmente estava assinando minha entrada no mercado de quadrinhos.
A matéria saiu nas edições 7 de Fantasma e Sandman, e como as revistas são de 1990, coloquei as quatro páginas (com poucas ilustrações, porque eu escrevi demais).
Depois, com ela debaixo do braço, consegui mais frilas. Passei para jornais (o primeiro foi o Jornal da Tarde), entrei na Globo, pra trabalhar como redator, escrevi para várias revistas e o resto é história.
Desde então, acho que não passei nem um mês de minha vida sem escrever (nem que fosse uma notinha) sobre quadrinhos. Claro que, hoje, quando leio aqueles textos do jornal mural, penso: "Nossa, como eu pude escrever isso?". Mas isso é natural com qualquer profissional, em qualquer ramo de atividade, quando se recorda de seu início de carreira! E quer saber? É uma lembrança deliciosa! Tanto que sempre falo dela em minhas palestras pelo Brasil.
Por isso mesmo, todas essas matérias estão na página de abertura de meu portfólio (tenho todas as matérias que publiquei até hoje). Guardo-as com todo carinho, pois foi com aquelas folhas datilografadas e amareladas que minha carreira começou! E devo muito a elas!
7.
Trabalhar com HQ/cultura sempre foi um objetivo de
vida?
De
forma alguma. Eu nem sonhava! E que bom que, em algum momento, eu sonhei!
8.
Quando começou a trabalhar na Mauricio de Sousa
Produções?
De 2003 a
2006, eu passei três anos sem emprego fixo, sustentando a família (esposa e
três filhos) apenas com freelancers. Nessa fase, eu escrevi livretos da coleção 100 Respostas para a Editora
Abril (Super-Heróis, Hanna-Barbera e Batman) e pensei em fazer o mesmo com o Mauricio, pela Globo,
editora dele na época.
Quando ofereci o projeto, a editora sugeriu algo mais amplo,
o que topei de imediato. Assim nasceu o Mauricio
– Quadrinho a Quadrinho que saiu pela Globo, em março de 2006.
O livro conta a trajetória do Mauricio leitor até virar o
autor e, depois, o empresário. Além disso, traz uma “minienciclopédia” com os
30 quadrinhos favoritos dele – aí, sim, um trabalho jornalístico, de pesquisa,
mesclado com declarações do Mauricio sobre cada obra ou autor.
Então, durante uma palestra de lançamento do livro, na FNAC
Pinheiros, em São Paulo, o Mauricio, ao responder uma pergunta de um leitor
sobre como foi trabalhar comigo, disse que faríamos muitas coisas juntos. Eu,
surpreso, perguntei: “Ah, é? Você não me avisou!” (risos).
Ele riu e, após a palestra, disse que pensava em montar uma
área pra mim, aproveitando o meu conhecimento do mercado e o meu gosto por
pesquisa. Aí, o Mauricio me chamou pra coordenar a área de Planejamento
Editorial, que basicamente cria projetos para os mercados de quadrinhos e de
livros ilustrados. Desde outubro de 2006, felizmente, muita coisa foi
publicada. Desde a Coleção Histórica Turma da Mônica e as Tiras Clássicas da Turma da Mônica aos MSPs 50, as Graphics MSP e muitos, muitos livros.
9.
Quais suas funções na MSP atualmente?
Eu
edito todos os livros que levam a marca da MSP, crio e edito projetos especiais
de quadrinhos e ainda auxilio na revisão de materiais estratégicos da empresa
para o mercado publicitário e em publicações institucionais.
10.
Quais linhas de quadrinhos coordena?
Linha
regular, apenas a Graphic MSP, que já tem sete títulos lançados, mas que
terminará 2015 com dez.
11.
Quanto à série “MSP50” e “Ouro da casa”, como foi
trabalhar nestes projetos?
Foi
maravilhoso. A ideia nasceu com o projeto MSP
50, quando o Mauricio fez 50 anos de carreira, em 2009. Eu bolei um
projeto, de pegar 50 artistas brasileiros de quadrinhos e colocar os
personagens do Mauricio nas mãos deles, em histórias curtas.
Aí, começaram a vir versões
incríveis e eu pensei: “cabe mais”. Fiz a trilogia, com MSP +50 (2010) e MSP Novos 50
(2011), porque, como eu sempre brinco, todo nerd adora trilogia.
No ano seguinte, 2012, foi a vez
de fazer o mesmo só com autores da MSP, o Ouro da Casa. E todos foram sucesso
de público e crítica, e serviram para comprovar o quanto os personagens do
Mauricio são ícones da Cultura Pop, pois eles “funcionam” mesmo em traços tão
diversos.
Foi uma alegria e uma honra
capitanear esses projetos.
12.
Desde então surgiram as graphic novels, como esta
nova fase tem sido recebida pelo público e por vocês?
A ideia das Graphics MSP surgiu
na época do MSP + 50, muito pelo barulho que comecei a fazer pela internet,
angariando fãs que voltaram a ler Mauricio de Sousa, que aquilo era sucesso de
público e crítica.
Então, comentei com o Mauricio da ideia de
fazermos graphic novels. Após uma rápida conversa, ele enxergou o potencial do
projeto me deu sinal verde.
Então,
em novembro de 2011, no Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte,
divulguei os quatro teasers da
primeira fase; e só a reação do público já me deu mais certeza de que tínhamos
um grande caminho a percorrer.
Em
2013, quando anunciei as novas graphics, vivi o melhor momento profissional da
minha carreira. Foi lindo demais! Centenas de pessoas se acotovelando para
ouvir um anúncio de graphic novels brasileiras! Nunca sonhei ver isso, muito
menos que eu fosse o “maestro” desse projeto.
Especialmente por já ter saído tanta
coisa boa: Astronauta – Magnetar
(2012), de Danilo Beyruth; Turma da
Mônica – Laços (2013), de Vitor e Lu Cafaggi; Chico Bento – Pavor Espaciar (2013), de Gustavo Duarte; Piteco – Ingá (2013), de Shiko; Bidu – Caminhos (2014), de Eduardo
Damasceno e Luis Felipe Garrocho; Astronauta
– Singularidade (2014), de Danilo Beyruth; e Penadinho – Vida (2015), de Paulo Crumbim e Cristina Eiko.
E vamos lançar, ainda em 2015, Turma da Mônica – Lições (2013), de
Vitor e Lu Cafaggi; Turma da Mata
(ainda sem título definido), de Artur Fujita, Roger Cruz e Davi Calil; e Louco (também sem título definido) de
Rogério Coelho.
Importante ressaltar que o autor é
livre para reimaginar os personagens do Mauricio, mas a essência deles deve
estar preservada. Obviamente, por estarem trabalhando com personagens com, em
média, 50 anos de histórias, os autores não podem “pesar a mão”. Ou seja, eles
precisam jogar com as mesmas regras que eu jogo.
Outra orientação: as histórias têm que
fazer todo o sentido para os leitores brasileiros, mas também têm que funcionar
para quem nunca leu nada de um personagem do Mauricio. No caso, falo de
leitores estrangeiros. O projeto Graphic
MSP foi concebido para ser também exportado para outros países; e o começo
já foi promissor, pois Magnetar foi publicado, pela Panini, na Itália,
Alemanha, Portugal, Espanha e França.
Ou seja, devem ser leituras universais.
Justamente por isso os livros trazem,
nas páginas finais, informações sobre os personagens de Mauricio de Sousa, para
que outros públicos saibam de onde surgiram as releituras.
Uma das coisas que mais apostei quando
propus a criação do selo ao Mauricio foi que produzíssemos graphic novels dos mais diferentes estilos. Já teve ficção
científica, humor, aventura, amizade etc.
Queria, com isso, mostrar para o
mercado que temos, sim, autores capazes de produzir materiais para ser vendido
em bancas e livrarias, que agradem a um público grande e não apenas a leitores
deste ou daquele nicho. Felizmente, tem dado certo. E creio que, se outras
editoras começarem a apostar em ideias similares, o mercado tende a crescer
como um todo, o que seria ótimo.
Por fim, tenho que agradecer demais ao Mauricio por permitir
que, como diz o Danilo Beyruth na página final de Magnetar, eu e os autores
“brincássemos com os seus brinquedos”.
13.
Como é
trabalhar na “área nerd” hoje em dia?
É um prazer, pois eu faço todos os produtos pensando
no leitor. Justamente por ainda me considerar um deles.
14.
Algum trabalho mais marcante?
Não saberia escolher um. Todos são como filhos. E eu
não tenho um filho favorito. Amo todos igualmente.
15.
O que vem por aí?
Para comemorar os 80 anos do Mauricio, programei três
livros especialíssimos. O primeiro é uma compilação de todas as primeiras HQs
do próprio Mauricio, publicados nas revistas Zaz-Traz e Bidu, da
extinta editora Continental (que no meio do caminho passa a se chamar Outubro),
pela Panini. Material raríssimo!
O segundo é uma coletânea, pela WMF Martins Fontes,
dos três primeiros livros do Mauricio: A
Caixa da Bondade, Piteco e Astronauta – No Planeta dos Homens-Sorvete,
que saíram originalmente pela FTD em 1965 e estavam esgotados havia décadas. Ou
seja, um baita resgate histórico.
E o terceiro é um livro ainda sem título definido, em
que autores nacionais desenharão 25 passagens da vida do Mauricio baseadas em
crônicas escritas por ele. Está ficando lindo!
16.
Algum recado para os leitores?
Que
continuem prestigiando o meu trabalho e, principalmente, lendo quadrinhos. É
missão de todo mundo que ama a arte sequencial mostrar o quanto ela é valiosa!
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