Carolina Ito, 22 anos, jornalista e
quadrinista, é responsável pelo Salsicha em Conserva. Falei com ela sobre um post sobre mulheres nas HQs. Vale a pena conferir o post na íntegra!
Fizeram uma matéria da revista TPM! com o mesmo assunto este mês também.
Bio: Nasci em Presidente
Prudente, em 1992, e atualmente vivo em Bauru, onde cursei Jornalismo na Unesp.
Desenhar foi algo que acompanhou minha vida desde a infância e, na faculdade,
percebi que seria difícil abandonar o vício (ou necessidade), mesmo sendo uma
área diferente da que havia escolhido como profissão.
Contato:
email: carolina.ito33@yahoo.com.br
Facebook: Carolina Ito
OBRAS
Mantenho o
blog Salsicha em Conserva desde maio de 2014 e publiquei, em 2015, de maneira
independente, a HQ Estilhaço: uma jornada pelo Vale do Jequitinhonha, que é uma
grande reportagem em quadrinhos sobre a região, localizada a nordeste de Minas
Gerais.
1.
Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Meu interesse
por HQs começou quando era criança e lia mangás, por influência de primas. Com
o tempo, fui me distanciando do mangá e conheci as graphic novels. Nesse
momento, minha paixão pelos quadrinhos foi reavivada.
2.
Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
O primeiro
quadrinho foi o mangá de Samurai X, do Nobuhiro Watsuki. A primeira graphic
novel acho que foi Persépolis, da Marjane Satrapi.
3.
Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Comecei a desenhar quadrinhos há
pouco tempo por uma necessidade de me expressar de alguma forma. Sentia que usar
somente as palavras já não era tão suficiente quanto era na minha
pré-adolescência, em que eu estava habituada a escrever sobre várias coisas.
4.
Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
Prefiro HQs
mais existenciais, autobiográficas ou que se baseiem na história. Não sou muito
fã de quadrinhos de super-herois, mas sim, de anti-herois (risos).
5.
Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Putz, o
preferido... Acho que o que mais me emocionou foi “Epiléptico”, do David B.,
mas tem tantos outros...
6.
Onde busca inspiração para criar?
Notícias,
experiências pessoais, pessoas com as quais divido o mesmo espaço, mesmo que
seja por um breve período de tempo... basicamente, tudo pode virar quadrinhos.
7.
Na hora de trabalhar/criar, tem alguma mania?
Tenho a
necessidade de desenhar em um ambiente limpo e organizado (por isso a obcessão
em varrer sempre os farelos de borracha pelo chão). Música também é essencial.
8.
Existe algum tema que se recusaria a usar nos seus
trabalhos? Por quê?
Gatos. Muita
gente já fala sobre eles nas redes sociais, na vida, em tudo. Sou alérgica e
tem gente que não entende que os sintomas de asma são reais! Mas nunca diga
nunca, né...
9.
O que vem por aí?
Bom, fui
indicada ao HQMIX 2015 pelo blog na categoria Web Quadrinhos. Estou na
expectativa, muita gente boa competindo. E pretendo prestar pós-graduação sobre
quadrinhos para, a princípio, para estudar iniciativas que incentivam o trampo
das mulheres, como o Lady’s Comics, Mulheres nos Quadrinhos, etc. Mas estou
delineando o objeto ainda. Também pretendo fazer uma zine para levar para o FiQ
e mexer em alguns roteiros que estão guardados. A HQ Estilhaço (grande
reportagem em quadrinhos) também será publicada na íntegra no site Outras Palavras
(em breve!). E o Salsicha vai continuar, claro.
10.
As mulheres ainda sofrem preconceito por gostarem de
quadrinho?
Acho que ainda
falta visibilidade e reconhecimento. Tem muita mulher produzindo coisas legais,
mas você nem sempre fica sabendo sobre esses trabalhos tanto quanto fica
sabendo de trabalhos feitos por quadrinistas homens. Eles são maioria nos
eventos, nas premiações e acabam tendo mais visibilidade. Acredito que, assim como em outros espaços,
existe uma lacuna de representação feminina nos quadrinhos.
11.
Como isso pode mudar?
É interessante
que as pessoas comecem a discutir sobre isso no meio das HQs, pois não é
possível que apenas 13% das obras indicadas a um prêmio sejam feitas
exclusivamente por mulheres. Fomentar a discussão foi minha ideia ao criar a HQ
“Cadê as minas?”. A união das quadrinistas também faz diferença e isso, de
certa forma, já vem acontecendo em eventos específicos e na internet. É um
movimento que acho positivo.
12.
Algum recado para os leitores?
O que posso
dizer... Vou falar sobre minha concepção do que é história em quadrinhos,
baseada nos estudos que acompanharam minha graduação. É uma linguagem que
agrega várias outras (cinema, fotografia, artes plásticas, literatura), mas que
se transforma em um produto único, com uma linguagem bem específica. A
possibilidade de associar texto e imagem, pra mim, é algo fascinante e
desafiador. Sem contar que é uma linguagem artística que permite abordar
diversos temas, desde os ficcionais, até sociais e políticos. O lance é não ter
preconceito.
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