quarta-feira, 15 de julho de 2015

ESPECIAL QUADRINHOS: Entrevista Carolina Ito - Salsicha em Conserva






Carolina Ito, 22 anos, jornalista e quadrinista, é responsável pelo Salsicha em Conserva. Falei com ela sobre um post sobre mulheres nas HQs. Vale a pena conferir o post na íntegra!

Fizeram uma matéria da revista TPM! com o mesmo assunto este mês também. 


Bio: Nasci em Presidente Prudente, em 1992, e atualmente vivo em Bauru, onde cursei Jornalismo na Unesp. Desenhar foi algo que acompanhou minha vida desde a infância e, na faculdade, percebi que seria difícil abandonar o vício (ou necessidade), mesmo sendo uma área diferente da que havia escolhido como profissão.

Contato: 
email: carolina.ito33@yahoo.com.br
Facebook: Carolina Ito

OBRAS
Mantenho o blog Salsicha em Conserva desde maio de 2014 e publiquei, em 2015, de maneira independente, a HQ Estilhaço: uma jornada pelo Vale do Jequitinhonha, que é uma grande reportagem em quadrinhos sobre a região, localizada a nordeste de Minas Gerais.

1.               Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?

Meu interesse por HQs começou quando era criança e lia mangás, por influência de primas. Com o tempo, fui me distanciando do mangá e conheci as graphic novels. Nesse momento, minha paixão pelos quadrinhos foi reavivada.

2.               Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?

O primeiro quadrinho foi o mangá de Samurai X, do Nobuhiro Watsuki. A primeira graphic novel acho que foi Persépolis, da Marjane Satrapi.

3.               Como os quadrinhos influenciaram sua vida?

            Comecei a desenhar quadrinhos há pouco tempo por uma necessidade de me expressar de alguma forma. Sentia que usar somente as palavras já não era tão suficiente quanto era na minha pré-adolescência, em que eu estava habituada a escrever sobre várias coisas.

4.               Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?

Prefiro HQs mais existenciais, autobiográficas ou que se baseiem na história. Não sou muito fã de quadrinhos de super-herois, mas sim, de anti-herois (risos).

5.               Qual seu quadrinho favorito? Por quê?

Putz, o preferido... Acho que o que mais me emocionou foi “Epiléptico”, do David B., mas tem tantos outros...


6.               Onde busca inspiração para criar?

Notícias, experiências pessoais, pessoas com as quais divido o mesmo espaço, mesmo que seja por um breve período de tempo... basicamente, tudo pode virar quadrinhos.

7.               Na hora de trabalhar/criar, tem alguma mania?

Tenho a necessidade de desenhar em um ambiente limpo e organizado (por isso a obcessão em varrer sempre os farelos de borracha pelo chão). Música também é essencial.

8.               Existe algum tema que se recusaria a usar nos seus trabalhos? Por quê?

Gatos. Muita gente já fala sobre eles nas redes sociais, na vida, em tudo. Sou alérgica e tem gente que não entende que os sintomas de asma são reais! Mas nunca diga nunca, né...

9.               O que vem por aí?

Bom, fui indicada ao HQMIX 2015 pelo blog na categoria Web Quadrinhos. Estou na expectativa, muita gente boa competindo. E pretendo prestar pós-graduação sobre quadrinhos para, a princípio, para estudar iniciativas que incentivam o trampo das mulheres, como o Lady’s Comics, Mulheres nos Quadrinhos, etc. Mas estou delineando o objeto ainda. Também pretendo fazer uma zine para levar para o FiQ e mexer em alguns roteiros que estão guardados. A HQ Estilhaço (grande reportagem em quadrinhos) também será publicada na íntegra no site Outras Palavras (em breve!). E o Salsicha vai continuar, claro.

10.            As mulheres ainda sofrem preconceito por gostarem de quadrinho?

Acho que ainda falta visibilidade e reconhecimento. Tem muita mulher produzindo coisas legais, mas você nem sempre fica sabendo sobre esses trabalhos tanto quanto fica sabendo de trabalhos feitos por quadrinistas homens. Eles são maioria nos eventos, nas premiações e acabam tendo mais visibilidade.  Acredito que, assim como em outros espaços, existe uma lacuna de representação feminina nos quadrinhos.

11.            Como isso pode mudar?

É interessante que as pessoas comecem a discutir sobre isso no meio das HQs, pois não é possível que apenas 13% das obras indicadas a um prêmio sejam feitas exclusivamente por mulheres. Fomentar a discussão foi minha ideia ao criar a HQ “Cadê as minas?”. A união das quadrinistas também faz diferença e isso, de certa forma, já vem acontecendo em eventos específicos e na internet. É um movimento que acho positivo.




12.            Algum recado para os leitores?

O que posso dizer... Vou falar sobre minha concepção do que é história em quadrinhos, baseada nos estudos que acompanharam minha graduação. É uma linguagem que agrega várias outras (cinema, fotografia, artes plásticas, literatura), mas que se transforma em um produto único, com uma linguagem bem específica. A possibilidade de associar texto e imagem, pra mim, é algo fascinante e desafiador. Sem contar que é uma linguagem artística que permite abordar diversos temas, desde os ficcionais, até sociais e políticos. O lance é não ter preconceito.


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