Ana Luiza Koehler, ilustradora, 38 anos, natural de Porto Alegre
(RS), formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS. Trabalha desde os 16
anos como ilustradora para o mercado editorial impresso e digital. Atualmente
dedica-se à produção de histórias em quadrinhos e também à ilustração
científica no campo da arqueologia.
Entre seus trabalhos destacam-se
o ilustrações arqueológicas para exposições no Brasil (“12.000 anos: História e
Arqueologia do Rio Grande do Sul”) e Alemanha (“Römermuseum Osterburken”,
“Wikinger Museum Haithabu”); os volumes 1 e 2 da BD “Awrah” para as Éditions
Daniel Maghen (França) e o tomo 2 da BD “Carthage” para a editora Soleil
(França). Atualmente, trabalha na história em quadrinhos autoral “Beco do
Rosário”.
Contato:
agoulartkoehler@gmail.com
1.
Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Desde criança,
quando minha mãe e meu pai as liam para mim. Já eles também sempre gostaram de
ler quadrinhos, e assim logo cedo comecei a ler Tintin, Pato Donald, Turma da
Mônica.
2.
Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
O primeiro
quadrinho que realmente me cativou vou o gibi dos Novos Titãs, da DC comics.
Também foi um dos primeiros de super-heróis que li, e descobri nele um estilo
totalmente novo de desenho.
3.
Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Os quadrinhos me
instigaram a aperfeiçoar meu desenho, coisa de que sempre gostei desde os
primeiros anos de vida, e me estimularam a usar minha criatividade o tempo
todo, apoiada na sua técnica de narrativa gráfica.
4.
Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
Atualmente prefiro
ler Bds (Bandes Dessinées) históricas ou tratando de temas da atualidade, e
obras autorais brasileiras.
5.
Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Entre os meus
quadrinhos favoritos atualmente posso facilmente colocar Aya de Yopougon
(Abouet-Oubrerie), Sur les Terres d'Horus (Dethan), Amours Fragiles
(Beuriot-Richelle), Miss Pas-Touche (Hubert-Kerascoët), Shogum dos Mortos
(Werneck), Achados e Perdidos (Damasceno-Garrocho), Cumbe (D'Salete), Lif
(Rebeca Prado)...
6.
Onde busca inspiração para criar?
Eu busco na
história, e principalmente a brasileira. Explorar cada época e cada momento da
nossa sociedade no tempo é o meu principal motor.
7.
Na hora de trabalhar/criar, tem alguma mania?
Preciso estar
sempre escutando algo, como um audiobook.
8.
Existe algum tema que se recusaria a usar nos seus
trabalhos? Por quê?
Basicamente, creio
que recusaria usar narrativas tradicionais que perpetuam velhos papéis sociais
no imaginário dos leitores. Isso vai da fetichização da violência contra a
mulher, passando pelas minorias como recurso cômico, entre outras.
9.
O que vem por aí?
O primeiro volume
de minha HQ autoral “Beco do Rosário”, e outros projetos sobre o Brasil.
10.
Existe preconceito por parte dos
criadores/roteiristas/desenhistas de HQs?
A respeito de
mulheres que fazem quadrinhos? Sim, ainda existe mas creio que está mudando no
cenário brasileiro. Assim como outras áreas da produção cultural, os quadrinhos
têm até agora sido dominados por homens e suas narrativas, o que acaba deixando
as mulheres e seus trabalho de lado.
11.
As mulheres ainda sofrem preconceito por gostarem de
quadrinho?
As mulheres muitas
vezes são desencorajadas na infância pois os quadrinhos ainda estao no
imaginário coletivo como um produto “para meninos”, e mais tarde são instadas a
“provarem” que são realmente leitoras e não estão querendo apenas se misturar
com homens da área.
12.
Como isso pode mudar?
A produção crescente
e cada vez mais visível das mulheres está mudando essa percepção, tornando a
sua presença no meio dos quadrinhos cada vez menos “estranha” ou “excepcional”,
e grande parte disso se deve ao esforço de autoras independentes que estão
enfrentando o desafio de publicarem suas obras, apesar de todas as dificuldades
e pouca visibilidade que o mercado editorial tradicional lhes reserva.
13.
Algum recado para os leitores?
Mulheres não
escrevem histórias só para outras mulheres. Dêem-se a chance de descobrir essas
histórias e identificarem-se também com suas personagens.
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