quarta-feira, 15 de julho de 2015

ESPECIAL QUADRINHOS: Entrevista Ana Koehler





Ana Luiza Koehler, ilustradora, 38 anos, natural de Porto Alegre (RS), formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS. Trabalha desde os 16 anos como ilustradora para o mercado editorial impresso e digital. Atualmente dedica-se à produção de histórias em quadrinhos e também à ilustração científica no campo da arqueologia.

Entre seus trabalhos destacam-se o ilustrações arqueológicas para exposições no Brasil (“12.000 anos: História e Arqueologia do Rio Grande do Sul”) e Alemanha (“Römermuseum Osterburken”, “Wikinger Museum Haithabu”); os volumes 1 e 2 da BD “Awrah” para as Éditions Daniel Maghen (França) e o tomo 2 da BD “Carthage” para a editora Soleil (França). Atualmente, trabalha na história em quadrinhos autoral “Beco do Rosário”.




Contato:
agoulartkoehler@gmail.com

1.               Como e quando você começou a se interessar pelas HQs? 

Desde criança, quando minha mãe e meu pai as liam para mim. Já eles também sempre gostaram de ler quadrinhos, e assim logo cedo comecei a ler Tintin, Pato Donald, Turma da Mônica. 

2.               Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?

O primeiro quadrinho que realmente me cativou vou o gibi dos Novos Titãs, da DC comics. Também foi um dos primeiros de super-heróis que li, e descobri nele um estilo totalmente novo de desenho.

3.               Como os quadrinhos influenciaram sua vida?

Os quadrinhos me instigaram a aperfeiçoar meu desenho, coisa de que sempre gostei desde os primeiros anos de vida, e me estimularam a usar minha criatividade o tempo todo, apoiada na sua técnica de narrativa gráfica.

4.               Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?

Atualmente prefiro ler Bds (Bandes Dessinées) históricas ou tratando de temas da atualidade, e obras autorais brasileiras.

5.               Qual seu quadrinho favorito? Por quê?

Entre os meus quadrinhos favoritos atualmente posso facilmente colocar Aya de Yopougon (Abouet-Oubrerie), Sur les Terres d'Horus (Dethan), Amours Fragiles (Beuriot-Richelle), Miss Pas-Touche (Hubert-Kerascoët), Shogum dos Mortos (Werneck), Achados e Perdidos (Damasceno-Garrocho), Cumbe (D'Salete), Lif (Rebeca Prado)...


6.               Onde busca inspiração para criar?

Eu busco na história, e principalmente a brasileira. Explorar cada época e cada momento da nossa sociedade no tempo é o meu principal motor.

7.               Na hora de trabalhar/criar, tem alguma mania?

Preciso estar sempre escutando algo, como um audiobook.

8.               Existe algum tema que se recusaria a usar nos seus trabalhos? Por quê?

Basicamente, creio que recusaria usar narrativas tradicionais que perpetuam velhos papéis sociais no imaginário dos leitores. Isso vai da fetichização da violência contra a mulher, passando pelas minorias como recurso cômico, entre outras.

9.               O que vem por aí?

O primeiro volume de minha HQ autoral “Beco do Rosário”, e outros projetos sobre o Brasil.

10.            Existe preconceito por parte dos criadores/roteiristas/desenhistas de HQs?

A respeito de mulheres que fazem quadrinhos? Sim, ainda existe mas creio que está mudando no cenário brasileiro. Assim como outras áreas da produção cultural, os quadrinhos têm até agora sido dominados por homens e suas narrativas, o que acaba deixando as mulheres e seus trabalho de lado.

11.            As mulheres ainda sofrem preconceito por gostarem de quadrinho?

As mulheres muitas vezes são desencorajadas na infância pois os quadrinhos ainda estao no imaginário coletivo como um produto “para meninos”, e mais tarde são instadas a “provarem” que são realmente leitoras e não estão querendo apenas se misturar com homens da área. 


12.            Como isso pode mudar? 

A produção crescente e cada vez mais visível das mulheres está mudando essa percepção, tornando a sua presença no meio dos quadrinhos cada vez menos “estranha” ou “excepcional”, e grande parte disso se deve ao esforço de autoras independentes que estão enfrentando o desafio de publicarem suas obras, apesar de todas as dificuldades e pouca visibilidade que o mercado editorial tradicional lhes reserva.

13.            Algum recado para os leitores?

Mulheres não escrevem histórias só para outras mulheres. Dêem-se a chance de descobrir essas histórias e identificarem-se também com suas personagens. 

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