quinta-feira, 2 de abril de 2020

Resenha: 0,01%, Muito Prazer




            Tive o grande prazer de conhecer a amiga Adriana Vieira Bastos em 2013, quando nós dois e mais algumas pessoas tomamos parte da primeira turma do curso de Oficinade Roteiro no Senac Largo Treze, ministrado pelo professor Vinicius Del RyMenezes.

            Esse curso foi uma das melhores experiências que tive em toda minha vida, e para terem uma pequena ideia, entre os filmes e cenas de filmes que assistimos e analisamos na ocasião, o primeiro foi Le Voyage dans la Lune, Viagem à Lua de Georges Méliès, o primeiro filme de ficção científica!


            O objetivo final do curso era escrever um roteiro de cinco minutos, e terminei por escrever dois. Um de viagem no tempo, e outro sobre um pistoleiro chamado Genésio, pelo qual toda a turma caiu de amores. Com tamanho incentivo, desenvolvi nos meses seguintes um roteiro de longa metragem, que já registrei, e recentemente escrevi o roteiro de um trailer que está no meu blog Escritorcom R.

            A Adriana, ou Adri para os amigos, foi uma das maiores incentivadoras nesse sentido ao lado do Vinícius, pelos quais serei eternamente grato! E por tudo isso foi muito legal quando soubemos que a Adri ia lançar seu primeiro livro, e claro, que corremos para acompanhar e prestigiar! Fotos, um vídeo e comentários da Má podem ser conferidos na nossa cobertura do lançamento.



            Mas evidentemente faltava uma resenha caprichada de 0,01%, Muito Prazer, que a Adri publicou pela Chiado Books. Muito resumidamente, a obra conta a história dos problemas de saúde dela, que acontecem com frequência e que acometem somente uma pequena porcentagem, 0,01 % para ser preciso, da população, chamados pacientes crônicos.

            Sim, o assunto é muito sério, afinal ninguém gosta de encarar esses momentos em que toda a fragilidade da vida e da condição humana é exposta, e não somente nossa saúde física mas também mental ficam por um fio. Mas muito pelo contrário, o livro é incrivelmente leve, e consegue ser absolutamente hilário na maior parte das páginas.
 
            Como não rir diante dos tipos de médicos que a Adri descreve já ter encontrado, como o Estrela, o Açougueiro e o Surrealista, entre outros? Ou a crônica-desabafo que escreveu em um período interminável em uma sala de espera, quando quase liderou uma passeata de outros pacientes diante da demora do médico que deveria atendê-los?

            Essas descrições dão somente uma pálida ideia da autêntica Adri, bagunceira, inquieta, divertida e com uma contagiante alegria de viver. Sim, logo nas primeiras páginas somos apresentados a essa pessoa sempre bem humorada, que não resiste a uma aventura, e que não permite que seus problemas de saúde a impeçam de sempre celebrar a vida!

            Adri é, acima de tudo, uma mulher com uma coragem assombrosa, que não hesitou em ter uma terceira gravidez mesmo diante de ameaças em potencial não somente a sua saúde, quanto a sua própria vida. E eu e a Má ficamos realmente emocionados no lançamento do livro, ao ver toda a energia, o carinho e a união de sua família e amigos!

            O livro é pontuado por ilustrações baseadas em várias de suas passagens, todas sempre muito divertidas. E fiquei particularmente tocado quando, após a mencionada terceira gravidez, Adri encarou uma necessária cirurgia no coração. Evidentemente para muita gente isso traria muito medo e preocupação, mas ela decidiu driblar esses sentimentos fazendo amizade com outros pacientes do mesmo corredor. A horas das refeições era sempre animada, com a turma conversando e se apoiando mutuamente.

            O mais emocionante é que, claro, Adri acordou no dia da cirurgia sentindo todo o peso daquela espera. Mas eis que os amigos que fez vieram dar todo seu apoio e carinho, e felizmente tudo deu certo.

            E assim vamos acompanhando as desventuras e aventuras da Adri para lidar com tão intensas experiências, mas sem nunca deixar de encontrar os amigos, tocar bongô e curtir a vida. Como na ocasião em que, em uma viagem no Chile e a bordo de uma cadeira de rodas, eles visitavam o Museo de la Memoria y los DerechosHumanos, onde havia uma enorme rampa. Adri subiu com o filho Marcelo e pediu ao marido, Zé Roberto, para gravar. E eu queria muito ver esse vídeo, pois a descrição da descida e da “aterrissagem” é de rolar de rir!

            Essa é nossa amiga Adri, que transmite uma alegria, uma força e uma vontade de aproveitar a vida absolutamente contagiantes! O livro 0,01 %, Muito Prazer, é uma leitura sensacional, e nestes tempos difíceis mostra como nunca devemos desanimar com as dificuldades que enfrentamos, nem nunca desistir de lutar pelo que queremos. A Adri mostra, em seu primeiro livro (torço para que venham outros) uma leveza e um bom humor ao tratar de um assunto tão sério quanto à saúde que realmente invejo.

            E mostra ser um exemplo de como se deve curtir, aproveitar e celebrar a vida, sempre!


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