segunda-feira, 15 de junho de 2020

QUADRINISTA: WALTER JUNIOR


OBRAS: SAGA Fanzine, Semideuses, 7 (contos), Eu, vilão, Overdrive.

  1. Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Foi em 1975... Tinha entre 6 e 7 anos de idade quando ganhei minha primeira HQ, uma revista do Homem-Aranha que enfrentava o terrível “Dr. Polvo” na capa, rs.. Ainda estava aprendendo a ler, e meu pai lia comigo. Sempre que íamos ao mercado ou ao banco, passávamos pela banca e eu voltava pra casa com duas ou mais revistas. Foi minha primeira paixão, que dura até hoje, apesar dela ter me judiado bastante em alguns momentos da vida

  1. Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
Foram duas revistas em quadrinhos. A primeira que já comentei, foi a Homem-Aranha número 1 da Bloch. Alí nasceu um Marvete, rs... E a segunda foi no mesmo período, só que de forma bem nebulosa, me lembro de estar num depósito de jornais e revistas japoneses, enquanto meus pais assistiam um culto budista. Ali, escondido, comecei a fuçar as coisas e achei uma caixa cheia de mangás, aqueles tijolos com papel jornal e cada história impressa em uma única cor. Foi surreal, como se eu tivesse aberto um portal para outro mundo.

  1. Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Difícil dizer, mas posso garantir que a cada momento específico de minha vida, eu tinha quadrinhos diferentes no momento. Passei das revistas da Bloch e Ebal para os gibis de terror no início da adolescência. Lia muito Spektro, Kripta... por algum motivo, não curtia na época as revistas da D’Arte Sempre me imaginei trabalhando com desenho, mas ainda faltava o empurrão... Que só aconteceu quando já tinha 19 anos e encontrei uma galera que também curtia quadrinhos. Foi o embrião do o SAGA Fanzine, em 1988.

  1. Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
Atualmente eu leio de tudo, mas não saio comprando de tudo... Geralmente já tenho um pré requisito formado no cérebro, depois de ter lido tanta coisa que fica difícil fugir muito do padrão, mas no geral leio todos os estilos: mangá, super-heróis, terror, western, FC... o importante é me agradar.

  1. Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Tenho dois “all-time” até então, que são: Watchmen e Akira. Acredito que eles possibilitaram a “abertura” na minha mente para onde mais os quadrinhos poderiam ir. Sempre soube que não haviam limites, mas acho que esses dois me mostraram muito mais do que isso. Eu venho de uma geração que sempre ouviu que “gibi era coisa de criança” e ao ler essas duas obras, eu estava plenamente consciente de que essa frase era completamente errada e preconceituosa.

  1. Quando e como começou a desenhar? Acompanhou algum curso/livro?
Vou dizer aquele chavão aqui, mas é verdade: Desenho desde pequeno! Tenho desenhos guardados desde meus 7 anos de idade. Cheguei a fazer um curso quando era jovem, chamado “Desenho Publicitário”, que era tipo aqueles cursos de datilografia, que a gente cursava para arrumar emprego em agências, rs... Depois de um tempo, aconteceu o “boom” dos quadrinhos e a escola criou um curso de quadrinhos, mas que nada mais era que um curso de ilustrações. Naquela época não existia a profissão quadrinista como a conhecemos hoje. Foi nesse curso que iniciei no mercado, com o fanzine SAGA.

  1. Como surgiu seu personagem?
Criei vários personagens nessa fase, mas os mais marcantes com certeza foram a Overgirl e Feedback do Overdrive, que criei em 1988. Ainda estávamos estudando como fazer o fanzine SAGA, e enquanto isso comecei a trabalhar num conceito de heróis que envolvessem rock, bruxaria, poderes sobrenaturais e super-heróis...  Uma salada, mas lembre-se que eu era um “metaleiro” ferrenho ainda... Então tudo no Overdrive era inspirado em algo que eu vivenciei nos anos de adolescência headbanger. Overdrive vem do nome de um pedal de guitarra, Feedback idem! O visual e os integrantes do super grupo, era uma banda de rock e seu visual era meio... rock/metal/pop... bem coisa daqueles anos, rs.

  1. Onde busca inspiração para criar?
Outra pergunta difícil... acho que é uma coletânea de tudo que já li, assisti, ouvi... que vai se processando no cérebro de alguma maneira muito louca e depois surgem os famosos insights... e aí a história começa a se desenrolar. Quando eu tento forçar algo, geralmente não sai ou se sai, fica esquisito. Prefiro andar, ouvir música, ler um livro, jogar um game ou assistir um filme, de preferência que não tenha nada à ver com o que quero escrever, para então a ideia surgir... mas tem vezes que ela surge durante o banho, rs....


  1. Na hora de trabalhar/criar, tem alguma mania?
Não muitas... a gente nunca sabe, só quem vê de fora pode falar,



rs... Mas quando estou desenhando, gosto de ficar ouvindo música (Metal, Hard Rock, essas coisas de velho, rs). Já quando estou escrevendo, prefiro silêncio total.

  1. Qual a maior dificuldade encontrada na hora de criar?
Geralmente eu sempre tenho a ideia da história toda, começo, meio e fim. As vezes levo meses pra fazer a “intervalação” entre esses três pontos. Essa fase dos projetos costumam variar no tempo, ou são longas ou são rápidas. Depende do quanto de informação eu quero passar na história.

  1. Existe algum tema que se recusaria a usar nos seus trabalhos? Por quê?
Até curto alguma coisa mais erótica, mas nada mais pesado, ao nível explicito, porém é um tema que dificilmente eu abordaria, a não ser que fosse muito relevante. Gosto de manter minhas obras ao alcance de todos os públicos e acredito que não seja necessário usar de artifícios apelativos para chamar a atenção.

  1. O que vem por aí?
Bom, estou trabalhando há um ano numa nova graphic novel, que vai envolver heróis, terror e se passa em períodos diferentes da história, em uma cidade mundialmente icônica. Talvez para o meio de 2021 ela esteja pronta. Também tem uma surpresa que não é quadrinhos, mas o público é o mesmo. 2021 vai ser "terrorífico!”

Um comentário:

  1. Grande Walter Junior! Sempre é bom rever a trajetória dos amigos nesse meio tão apaixonante que é as HQs! Acompanhei de perto boa parte da sua história profissional, começando pelo curso de quadrinhos na Escola Cândido Portinari até os dias de hoje.

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