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OBRAS: SAGA Fanzine, Semideuses, 7 (contos), Eu, vilão, Overdrive.
- Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Foi
em 1975... Tinha entre 6 e 7 anos de idade quando ganhei minha primeira
HQ, uma revista do Homem-Aranha que enfrentava o terrível “Dr. Polvo”
na capa, rs.. Ainda estava aprendendo a ler, e meu pai lia comigo.
Sempre que íamos ao mercado ou ao banco, passávamos pela banca e eu
voltava pra casa com duas ou mais revistas. Foi minha primeira paixão,
que dura até hoje, apesar dela ter me judiado bastante em alguns
momentos da vida
- Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
Foram
duas revistas em quadrinhos. A primeira que já comentei, foi a
Homem-Aranha número 1 da Bloch. Alí nasceu um Marvete, rs... E a segunda
foi no mesmo período, só que de forma bem nebulosa, me lembro de estar
num depósito de jornais e revistas japoneses, enquanto meus pais
assistiam um culto budista. Ali, escondido, comecei a fuçar as coisas e
achei uma caixa cheia de mangás, aqueles tijolos com papel jornal e cada
história impressa em uma única cor. Foi surreal, como se eu tivesse
aberto um portal para outro mundo.
- Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Difícil
dizer, mas posso garantir que a cada momento específico de minha vida,
eu tinha quadrinhos diferentes no momento. Passei das revistas da Bloch e
Ebal para os gibis de terror no início da adolescência. Lia muito
Spektro, Kripta... por algum motivo, não curtia na época as revistas da
D’Arte Sempre me imaginei trabalhando com desenho, mas ainda faltava o
empurrão... Que só aconteceu quando já tinha 19 anos e encontrei uma
galera que também curtia quadrinhos. Foi o embrião do o SAGA Fanzine, em
1988.
- Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
Atualmente
eu leio de tudo, mas não saio comprando de tudo... Geralmente já tenho
um pré requisito formado no cérebro, depois de ter lido tanta coisa que
fica difícil fugir muito do padrão, mas no geral leio todos os estilos:
mangá, super-heróis, terror, western, FC... o importante é me agradar.
- Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Tenho
dois “all-time” até então, que são: Watchmen e Akira. Acredito que eles
possibilitaram a “abertura” na minha mente para onde mais os quadrinhos
poderiam ir. Sempre soube que não haviam limites, mas acho que esses
dois me mostraram muito mais do que isso. Eu venho de uma geração que
sempre ouviu que “gibi era coisa de criança” e ao ler essas duas obras,
eu estava plenamente consciente de que essa frase era completamente
errada e preconceituosa.
- Quando e como começou a desenhar? Acompanhou algum curso/livro?
Vou
dizer aquele chavão aqui, mas é verdade: Desenho desde pequeno! Tenho
desenhos guardados desde meus 7 anos de idade. Cheguei a fazer um curso
quando era jovem, chamado “Desenho Publicitário”, que era tipo aqueles
cursos de datilografia, que a gente cursava para arrumar emprego em
agências, rs... Depois de um tempo, aconteceu o “boom” dos quadrinhos e a
escola criou um curso de quadrinhos, mas que nada mais era que um curso
de ilustrações. Naquela época não existia a profissão quadrinista como a
conhecemos hoje. Foi nesse curso que iniciei no mercado, com o fanzine
SAGA.
- Como surgiu seu personagem?
Criei
vários personagens nessa fase, mas os mais marcantes com certeza foram a
Overgirl e Feedback do Overdrive, que criei em 1988. Ainda estávamos
estudando como fazer o fanzine SAGA, e enquanto isso comecei a trabalhar
num conceito de heróis que envolvessem rock, bruxaria, poderes
sobrenaturais e super-heróis... Uma salada, mas lembre-se que eu era um
“metaleiro” ferrenho ainda... Então tudo no Overdrive era inspirado em
algo que eu vivenciei nos anos de adolescência headbanger. Overdrive vem
do nome de um pedal de guitarra, Feedback idem! O visual e os
integrantes do super grupo, era uma banda de rock e seu visual era
meio... rock/metal/pop... bem coisa daqueles anos, rs.
- Onde busca inspiração para criar?
Outra
pergunta difícil... acho que é uma coletânea de tudo que já li,
assisti, ouvi... que vai se processando no cérebro de alguma maneira
muito louca e depois surgem os famosos insights... e aí a história
começa a se desenrolar. Quando eu tento forçar algo, geralmente não sai
ou se sai, fica esquisito. Prefiro andar, ouvir música, ler um livro,
jogar um game ou assistir um filme, de preferência que não tenha nada à
ver com o que quero escrever, para então a ideia surgir... mas tem vezes
que ela surge durante o banho, rs....
- Na hora de trabalhar/criar, tem alguma mania?
Não
muitas... a gente nunca sabe, só quem vê de fora pode falar,
rs... Mas quando estou desenhando, gosto de ficar ouvindo música (Metal, Hard Rock, essas coisas de velho, rs). Já quando estou escrevendo, prefiro silêncio total.
- Qual a maior dificuldade encontrada na hora de criar?
Geralmente
eu sempre tenho a ideia da história toda, começo, meio e fim. As vezes
levo meses pra fazer a “intervalação” entre esses três pontos. Essa fase
dos projetos costumam variar no tempo, ou são longas ou são rápidas.
Depende do quanto de informação eu quero passar na história.
- Existe algum tema que se recusaria a usar nos seus trabalhos? Por quê?
Até
curto alguma coisa mais erótica, mas nada mais pesado, ao nível
explicito, porém é um tema que dificilmente eu abordaria, a não ser que
fosse muito relevante. Gosto de manter minhas obras ao alcance de todos
os públicos e acredito que não seja necessário usar de artifícios
apelativos para chamar a atenção.
- O que vem por aí?
Bom,
estou trabalhando há um ano numa nova graphic novel, que vai envolver
heróis, terror e se passa em períodos diferentes da história, em uma
cidade mundialmente icônica. Talvez para o meio de 2021 ela esteja
pronta. Também tem uma surpresa que não é quadrinhos, mas o público é o
mesmo. 2021 vai ser "terrorífico!”
Grande Walter Junior! Sempre é bom rever a trajetória dos amigos nesse meio tão apaixonante que é as HQs! Acompanhei de perto boa parte da sua história profissional, começando pelo curso de quadrinhos na Escola Cândido Portinari até os dias de hoje.
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