Eduardo Machiori, jornalista formado pela
Universidade São Judas Tadeu e pós-graduado em Comunicação Empresarial pela
Uninove. Foi repórter das revistas Garra, Destacke e Nutrinews;
editor-assistente da revista Indústria de Laticínios. Também colaborou com os
sites Papo de Quadrinho, Antigravidade, 4All Magazine e Cajumanga. Atualmente,
trabalha como freelancer e colaborador das revistas Mundo dos Super-Heróis,
Mundo Nerd e do blog O Pastel Nerd, além de ser o criador e responsável pelo
informativo católico Construtores do Reino.
Contato:
Blog Raio X:
http://mutantexis.wordpress.com
Twitter: @mutantexis
1.
Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Desde que aprendi a ler, com três
anos de idade. Lia de tudo, mas como sempre tive interesse por super-heróis -
graças aos desenhos "desanimados" da Marvel e a animação do
Homem-Aranha (de 1967) - comecei a me sentir mais atraído por esse tipo de
quadrinhos.
2.
Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
Foram as HQs do Homem-Aranha,
publicadas pela Ebal, ainda em preto-e-branco. Na época, não colecionava
quadrinhos, pois ainda era criança e meus pais compravam edições aleatórias, só
para me distrair. Foi só a partir de 1980, com a revista Super-Heróis Marvel 7,
da RGE, que comecei, definitivamente, a colecionar as edições. Guardava e relia
sempre. O engraçado é que, na época, havia uma promoção de figurinhas para
preencher um pôster do Homem-Aranha. Cada revista trazia um envelope com três
figurinhas que, além das partes do pôster, traziam também vales-revistas
grátis. Com SH7, ganhei duas revistas do Homem-Aranha. Troquei a primeira do
Aranha e ganhei mais uma do Quarteto Fantástico. Troquei a do Quarteto e ganhei
outra do Hulk. Quem gostou da "brincadeira" foi meu pai, que gastou
com uma revista e ganhei mais quatro. hehehehe...
3.
Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Super-heróis sempre têm a questão de
superação, de fazer o bem, de respeitar a vida acima de tudo (mesmo de vilões).
Acredito que isso foi muito importante para a formação moral de uma criança,
pois compartilho de muita coisa que aprendi com os super-heróis. A icônica
frase "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", por
exemplo, não serve apenas para superpoderes, mas também para um cargo numa
empresa ou uma posição social. Eu me formei jornalista por amor ao Superman,
que também segue essa profissão, e por acreditar que a informação é a base para
uma sociedade bem estruturada. E, claro, a leitura foi essencial para
desenvolver um bom vocabulário, uma escrita correta e, posteriormente, o
interesse pela Língua Portuguesa e a escolha da minha profissão. Os quadrinhos
estão presentes no meu DNA.
4.
Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
Sou bem eclético e gosto de tudo um
pouco, embora não seja colecionador. Sempre li Turma da Mônica (será que existe
alguém que nunca leu?), Luluzinha, Disney... No entanto, prefiro mesmo as HQs
de super-heróis, preferencialmente os da Marvel (mas também leio DC). Ultimamente,
como os heróis estão numa fase tão ruim nos quadrinhos, tenho ampliado meus
horizontes para outros personagens, como X-O Manowar (publicado pela HQM), Valente
(Victor Caffagi), Turma da Mônica Jovem e as graphic novels adultas de Mauricio
de Sousa, que tem se mostrado um excelente material. Alguns alternativos também
tenho gostado. O que eu não curto mesmo é mangá. Já tentei ler alguns, mas não
consigo curtir o estilo.
Sempre foi e sempre será o
Homem-Aranha. Identifico-me bastante com o personagem, por toda sua
problemática, seu azar e o bom humor para lidar com os problemas. Acho que todo
mundo tem um pouquinho de Peter Parker.
6.
Quando e como começou a trabalhar na área?
Ainda fazendo faculdade de
jornalismo, propus aos catequistas da igreja que frequento a criação de um
jornalzinho informativo. Eles me encarregaram de dar corpo ao projeto, que se
tornou a revista católica Construtores do Reino, publicação que faço até hoje.
Como uma tarefa remunerada, porém, comecei alguns anos após me formar, com
alguns trabalhos aleatórios de revisão e pequenas matérias escritas na revista
Destacke (Ed. Escala) e jornais de bairro (Gazeta da Zona Norte e Expressão
Teen) até que, em 2001, fui contratado pela revista Nutrinews, uma publicação
voltada para o mercado de alimentação fora do lar. Em seguida, fui
editor-assistente da revista Indústria de Laticínios por cinco anos, antes de
chegar à Mundo dos Super-Heróis.
Acervo pessoal |
7.
Trabalhar com HQ/cultura sempre foi um objetivo de
vida?
Pior
que não... rsrsrsrs... jamais me imaginei trabalhando com quadrinhos. Quando
optei por jornalismo, meu grande sonho era trabalhar na redação de um grande
jornal e correr pelas ruas em busca de matérias, assim como fazia o Superman e
o Homem-Aranha. Sempre tive paixão por televisão e queria muito ser repórter de
TV, mas esse meio é muito fechado e as oportunidades são poucas. No fim, a vida
dá uma reviravolta e, o que era um lazer virou uma profissão. Não dá pra
reclamar, né?
8.
Como começou a trabalhar na Mundo dos Super Heróis?
Compro a revista desde a primeira
edição, que saiu na onda do filme Superman - O Retorno (2006). Foi criada uma
comunidade no Orkut e comecei a participar dela, onde conheci o pessoal que
escrevia para a revista e começamos a interagir juntamente com outros leitores,
discutindo sobre as matérias e assuntos nerds. Quando a revista começou a
crescer, o jornalista Jota Silvestre, que era um dos colaboradores, me indicou
para o editor Manoel de Souza para fazer parte do cast. Comecei com textos
curtos para um livro que estava nos planos da editora - e que não saiu até hoje
- e, a partir da edição 14, com o dossiê de Stan Lee, passei efetivamente a
fazer parte da revista.
Acervo pessoal |
9.
Como é trabalhar na “área nerd” hoje em dia?
Primeiramente, não é um trabalho, é
uma diversão. Imagine que, para adquirir conhecimento sobre os temas dos meus
textos, eu tenho que ler gibis, assistir filmes, ver séries de TV... Nos dias
de hoje, em que as nerdices estão na moda e os super-heróis estão bombando em
todas as mídias, o trabalho na área passou a ser bastante visado e de uma
responsabilidade tremenda. Sempre me preocupo em buscar informações que possam
servir para este público que está descobrindo os super-heróis no cinema e nunca
pegou uma revista em quadrinhos nas mãos. Embora eu me divirta muito fazendo
meu trabalho, ele deixou de ser um lazer para se tornar algo bastante relevante
na transmissão da cultura popular.
10.
Algum trabalho mais marcante?
Vários. Considero meu trabalho na
revista Indústria de Laticínios uma grande escola que me ensinou muita coisa da
área editorial. Como editor-assistente, fui responsável pela criação de pautas
da revista e tive o prazer de ser o primeiro a dar um grande destaque à
exposição urbana CowParade, que já percorreu diversas cidades brasileiras. A
princípio pareceu algo irrelevante - mais uma exposição entre tantas na cidade
- mas a repercussão causada pelo evento foi muito grande. Na Mundo dos
Super-Heróis, também tenho meus trabalhos preferidos. A edição 14, com o dossiê
de Stan Lee, por ser a primeira edição com minha participação, marcou bastante,
principalmente pelo desafio de desenterrar uma fase da vida do "grande
mestre" que era pouco conhecida: sua infância e juventude. Todos conhecem
o Stan Lee, criador da Marvel, mas e o Stanley Lieber, o rapaz que começou com
o "relevante" trabalho de redigir obituários no jornal da cidade?
Outras matérias que gostei bastante de escrever foram os dossiês do Lanterna
Verde, na edição 21 e o de Smallville, na edição 26. Recentemente, um que foi
bastante divertido, foi o dossiê dos Guardiões da Galáxia (edição 57), pelo
inusitado da coisa. Quem poderia imaginar que heróis tão obscuros e secundários
se tornariam um filme de tamanho sucesso? Cada edição sempre traz um novo
desafio, mas estes são os que ficaram mais na memória e os que mais gostei de
fazer.
11.
O que vem por aí?
Com tantos filmes de super-heróis
agendados para os próximos anos, podemos esperar muitas reportagens resgatando
esses personagens dos primórdios de suas criações. Espero escrever muitas
coisas legais sobre esse universo, durante muito tempo ainda e mostrar como os
quadrinhos podem ser ricos de criatividade, arte e até mesmo colaborar para a
formação moral dos leitores. Apesar da velocidade da Internet, ainda há espaço
para publicações físicas, que reúnem informações exclusivas que, muitas vezes,
o leitor não tem tempo (nem vontade) de procurar na Internet e a revista cumpre
essa função.
12.
Algum recado para os leitores?
Leiam muito. E incentivem seus
filhos a lerem também. Não faz mal se é um "gibizinho" da Turma da
Mônica, um livro como Crepúsculo ou uma revista de fofocas de novelas. Não se
desenvolve senso crítico se não se ler o que é bom ou ruim. Não adianta eu
achar que todo mundo deve ler Machado de Assis se não se começa lendo textos
mais simples como histórias em quadrinhos, por exemplo. Ao invés de criticar
quem lê algo que, pessoalmente, eu considero medíocre, prefiro incentivar a
pessoa a ler o que quer que seja - desde que seja adequado à idade, obviamente.
Não vamos dar 50 Tons de Cinza para uma criança ler só pelo prazer da leitura.
rsrsrsrs... Leitura amplia o vocabulário, inconscientemente ensina normas gramaticais
e estimula a imaginação. Portanto, busquem a leitura em todas as suas formas e
aproveitem a viagem!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho desenvolvido! Com certeza, tão perseverante trajetória só poderia culminar nesta carreira de sucesso. Que venham novos textos, novas ideias e novos heróis para colorir nossas leituras. Abraços.
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