Gabriela Gutierres Franco, 39 anos, produtora e
jornalista, tendo atuado em todas as mídias (TV, rádio, internet, revistas e
jornais impressos) – Hoje colabora com a Revista Mundo dos Super-Heróis, Mundo
Nerd e com os sites Popground e Judão, além de criadora do coletivo MinasNerds
Contato: www.facebook.br/minasnerds
Obras
Ainda nenhuma, fui colaboradora
em algumas, mas, deixa pra lá. (Vampiros na Cultura Pop – Maurício Muniz, por
exemplo)
1.
Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Aprendi a ler com HQs. Portanto,
com 5 anos.
2.
Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
Bem, como a maioria das
crianças brasileiras nessa idade, eu lia
Muito Disney e Mônica. Mas fui fisgada pelos quadrinhos de heróis, aos 8 anos,
quando eu li uma revista, formatinho, um mix de histórias, chamada Superamigos,
da editora Abril. Uma história do Superman em Kandor, se eu não me engano. Foi
o que bastou para eu me apaixonar por gibis e histórias de super-heróis. Nunca
mais larguei, até hoje.
3.
Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Ah, os quadrinhos foram de grande
influência para praticamente tudo na minha vida. Eles exercem influências
internas e externas. Internamente, me fizeram lidar com valores, noções de
certo e errado, bem e mal, o modo de entender o Mundo, senso de justiça, solidariedade,
amor, abnegação, coragem, entender-me e aceitar-me humana, falível, me deu
modelos de conduta e caráter. Externamente, influenciaram nos livros que li,
referências culturais das quais me cerquei, que vão desde música, filmes ao
tipo de roupa que uso hoje, por exemplo, tiveram peso na profissão que escolhi, estão presentes nos
amigos que fiz, pessoas com as quais me relacionei romanticamente, até na
escolha do nome da minha filha. Tudo. Obviamente, não só os quadrinhos, tenho
muitas e diversas outras referências culturais na vida, mas sim, eles estão
presentes em TODAS as áreas da minha vida, em maior ou menor grau.
4.
Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
HQs de heróis e/ou HQs adultas- Geralmente algo violento, sexy e não muito
ortodoxo. Ficção científica também e um pouco de fantasia, mas meu preferido é
um exploitation mesmo: sexo, violência,
romance, consumo de droga, nudismo, esquisitices, sanguinolência, bizarrices,
destruição. Super saudável e edificante, rs.
5.
Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Elektra Assassina, de Frank
Miller e Bill Sienkiwickz - Porque?
Well, porque ele literalmente explodiu minha cabeça na época que li e até hoje
explode pra falar a verdade (sim, eu releio de tempos em tempos, tipo a bíblia,
o alcorão, essas coisas). Por ter passado por algumas situações semelhantes a
da personagem, criei uma ligação MUITO importante com ela. O fato de ser uma
mulher, sozinha no mundo, que tomava as rédeas da sua vida, que era considerada
louca pela sociedade mas era altamente capaz, a melhor no que fazia, altamente
treinada e letal, que agia com coragem, frieza, DONA DE SI, mexeu e foi de
grande influência para a garotinha de 12 anos assustada que eu era. O formato
também teve um grande peso. Aquarelas de Bill Sienkiewickz, fugindo do formato
tradicional de quadrinhos, um artista quase surreal, cheio de colagens e
técnicas mistas. Foi uma enxurrada de informações e sensações que me
transformaram em outra pessoa. Eu me
transformei depois de ler Elektra Assassina. Eu passei a enfrentar a vida de
frente, a ficar “dura na queda”, eu amadureci e enfrentei meus medos. Até
entrei no Kung Fu e fiz 10 anos do esporte hahaha. Eu amo/sou Elektra. Foi um
divisor de águas pra mim.
6.
Quando e como começou a trabalhar na área?
Há mais ou menos 12 anos, quando
comecei a escrever pra o site Omelete, ainda beeem no começo... eles eram um
ovo frito, praticamente rs.
7.
Trabalhar com HQ/cultura sempre foi um objetivo de
vida?
Sim, com cultura sim. Música, na
verdade. Escolhi jornalismo porque já trabalhava em um canal de TV
especializado em música, já fazia resenhas, matérias...eu queria ser a Lester
Bangs dos trópicos rs. Na verdade o jornalismo me escolheu.
8.
Como é trabalhar na “área nerd” hoje em dia?
Muito difícil rs...sempre foi, na
verdade. Surgem novos “entendidos” a cada segundo, gente que aproveita a onda,
a profissão ainda é muito mal paga, e não devidamente reconhecida. Mas um ponto
positivo é que a cultura nerd está mais difundida, a internet e o cinema deram
a ela uma dimensão gigantesca, não é mais assunto de gueto. Isso é muito bom.
9.
Algum trabalho mais marcante?
Olha, eu tenho que me orgulhar do
coletivo que criei, o MinasNerds, formado por mulheres que produzem e consomem
literatura, games, quadrinhos, RPG e tudo que engloba a cultura Geek /Nerd e
Cultura Pop em geral e que luta pela representatividade da mulher nesse meio,
como profissional e consumidora. Está crescendo bastante, dando frutos,
aproximando outras mulheres e garotas e transformando suas vidas e é,
atualmente, meu filhote preferido.
10.
O que vem por aí?
Vem a FestComix nos dias 16 a 19 de julho de 2015 evento para o qual tivemos a honra de sermos
responsáveis por todo conteúdo de palestras e mesas redondas, a maioria delas
voltadas a assuntos pertinentes ao universo feminino geek e nerd e...bem, vem
mais coisa por aí, mas não vou dar spoilers rs.
11.
Algum recado para os leitores?
Todos podemos ser heróis, em
maior ou menor grau. Mas essa frase não é minha, é do David Bowie rs. Que é um
de meus heróis, aliás.
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