E
terminou a Comic Con Experience 2015, segunda edição do que já pode
tranquilamente ser considerado o maior evento nerd do Brasil. Depois de tantos
anos invejando a San Diego Comic Con e congêneres, ter um evento desse porte aqui,
e em São Paulo, indiscutivelmente a capital nerd da nação, é sem dúvida motivo
de celebração.
Na
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015, tive minha primeira experiência na CCXP (e
bem no dia de meu aniversário, belo presente!), e de tudo que vi e vivi no
épico evento, as impressões e lembranças são bem mais positivas que negativas.
Vamos então aos comentários, começando pelas críticas e elementos não tão bom ou mesmo negativos, acompanhados por algumas sugestões:
O
preço pago pelos ingressos, mesmo meia entrada com doação de um livro, é
exagerado para a realidade brasileira. Por cima, além de poder entrar no
evento, não há qualquer outra vantagem, o que deveria ser repensado.
Quem
sabe alguma forma de sorteio pela via eletrônica? No ato do cadastramento poderia
haver um campo no formulário para que a pessoa identificasse o artista, autor
ou famoso que gostaria de ver, obter o autógrafo ou participar do painel.
Então, por meio de um sorteio, algumas entre as pessoas que adquiriram seus
ingressos poderiam ter a chance de encontrar seu artista preferido, pois
convenhamos, horas e horas de filas é algo completamente anacrônico em pleno
século XXI.
Por
sinal, filas para os banheiros são ainda mais inaceitáveis. Como também uma
sala de imprensa despida de qualquer facilidade para o trabalho do
profissional. Não havia wi-fi disponível, e aconteceu até mesmo o caso
lamentável de um profissional que se feriu com a explosão de seu equipamento ao
plugá-lo em uma tomada dessa mesma sala de imprensa. A parte de alimentação,
com intermináveis filas, também se mostrou deficiente diante do tamanho do
evento e da quantidade de visitantes.
E
falando em imprensa, seguramente foi um erro crasso dos organizadores ter
conferido entrada aos membros de um programa pseudo-humorístico da Rede
Bandeirantes de Televisão. O comportamento do também pseudo jornalista foi e
continuará sendo inaceitável para qualquer pessoa minimamente civilizada, e a
organização agiu corretamente banindo permanentemente esse tipo de baixaria do
evento. Contudo, é de se perguntar por que alguns veículos não receberam
credencial para todos os seus profissionais e esse, cujo público não poderia
ser mais diverso daquele da própria CCXP, sim. Que o credenciamento seja mais
bem pensado no ano que vem.
Vale
destacar o fato de a cobertura da Rede Globo e da Globonews ter sido impecável,
destoando da opinião de alguns eternos críticos do canal.
Não
faria mal igualmente orientar o público para que o trânsito pelos corredores do
evento fosse mais bem organizado. Pelas leis de trânsito brasileiras o tráfego
deve ser feito pelo lado direito da via, e portanto dentro do pavilhão este
sentido igualmente deveria ser adotado. Setas adesivas no chão e orientação no
material entregue aos fãs, participantes e demais visitantes se encarregariam
de criar um ambiente muito mais confortável para todos. Além disso valeria a
pena incluir no material entregue ao visitante a orientação de prestar atenção
e não passar diante de câmeras de quem estiver fotografando o evento e os
cosplayers presentes.
O
São Paulo Expo estava em obras, o que se refletiu no acesso ao local do evento.
Assim as distâncias envolvidas, o improviso no caminho coberto por tapumes e a
dificuldade do acesso a pessoal dos stands transportando material, além de pessoas
com deficiência, não condizem absolutamente com o preço pago para participar do
evento. Que a edição 2016 melhore muito nesse aspecto.
Interessei-me
em duas fabricantes de colecionáveis, uma que é presença constante em lojas,
outra que têm lançado diversas coleções em bancas de jornal. Infelizmente, os
preços das peças estavam praticamente os mesmos que encontramos fora da CCXP,
quando não maiores diante da impossibilidade de adquirir somente uma unidade.
Exemplares que me interessavam estavam expostos em vitrines mas não disponíveis
pois não haveria mais entregas no dia, conforme nos foi informado. Igualmente
soubemos de produtos da franquia Star Wars disponíveis em pouquíssima
quantidade, o que frustrou inúmeros fãs. A organização faria bem em reunir-se
com as empresas e expositores participantes e elaborar uma política de preços e
vantagens especiais aos visitantes, de novo lembrando o preço elevado dos
ingressos.
O
Artist´s Alley foi um dos melhores espaços, com todos os autores presentes
atendendo o público com simpatia e paciência. Contudo, não percebi funcionários
da organização ali para auxiliar os artistas, que precisavam eles mesmos organizarem
as filas para que tivessem tempo de sair um pouco, descansar e comer alguma
coisa. Além disso, um grande espaço diante de algumas das mesas foi
literalmente tomado por dezenas de visitantes, que o transformaram em praça de
descanso sentando ou deitando no chão. Com isso bloquearam completamente o
acesso para as mesas dos autores, impedindo que estes tivessem contato com seu
público. Os artistas brasileiros são nossos representantes no evento, criadores
de universos tais como as produções estrangeiras que tanto amamos, e precisam e
merecem todo apoio possível.
Finalmente,
o relato quanto aos graves problemas da coletiva do canal Netflix,
especialmente quanto ao que houve durante a apresentação do favorito de todos,
David Tennant, comprova que a presença de alguém tão importante ainda é um
grande desafio. Deve-se pensar muito a respeito da participação do público em
painéis como esse, com a devida orientação e exposição de regras claras para
que os jornalistas possam fazer seu trabalho, e os fãs aproveitar o melhor
possível a proximidade com seu ídolo.
Feitos os reparos, críticas e sugestões, que espero sejam oportunas e torço para que sejam seguidas, vamos aos pontos altos:
Os
fãs, cosplayers e nerds deram um show de educação, civilidade e respeito. Não
testemunhei um só incidente, todos batiam fotos, o pessoal fantasiado atendia a
todos com total simpatia, e os cosplays estavam absolutamente perfeitos. Todos
os universos coexistindo em absoluta harmonia, mostrando, mais uma vez, que
nossas “torcidas organizadas” respeitam integralmente o princípio vulcano do
IDIC: Infinita Diversidade, Infinita Combinação. E sim, sou trekker desde
criancinha!
Artistas
brasileiros dos quadrinhos do Artist´s Alley, de novo parabéns pelo trabalho e
pela simpatia, que o sucesso de vocês continue sempre crescendo.
Os
stands de canais, produtoras e empresas deram um show de interatividade, e para
um excer como eu (olha o IDIC de novo) ver o destaque dado ao retorno de
Arquivo-X, em janeiro de 2016, foi emocionante. Aproveitando, torcemos para que
a Fox traga os dubladores originais de volta!
Ter
a oportunidade de ver figurinos de filmes ainda por estrear, como os de Batman
Vs. Superman, foi algo inédito e emocionante, parabéns à Warner pela iniciativa
de trazê-los. Igualmente os stands de outras produções merecem somente elogios,
e parece que finalmente as empresas estão descobrindo que os fãs merecem ser
bem tratados, já que evidentemente são as pessoas que lhes garantem a
audiência, e os mesmos que vão fazer o boca-a-boca de suas produções ao público
não iniciado.
Nota
mais que especial ao estupendo stand da Turma da Mônica. O inigualável Mauricio
de Sousa e sua criação mereceriam até mesmo um espaço maior, diante dos 80 anos
do grande mestre. Um manequim do próprio Mauricio, em que sua imagem era
projetada, assemelhava-se a um holograma e foi um show à parte. A ideia de
mesas para que os visitantes desenhassem seus personagens, dentro do conceito
Oitenta Anos em Oito Minutos, foi absolutamente genial, e ver ao vivo o
trabalho dos artistas da casa presentes, que igualmente eram a própria
simpatia, foi também muito especial.
Marcia no desafio 80 anos em 8 minutos, com o DC |
Tudo
isso posto, a experiência foi não só algo extremamente positivo como também
inesquecível. Os reparos e críticas, conforme pretendemos, servem para que
sejam corrigidos os problemas que ainda são muitos, mas como o próprio título
do evento aponta, todo ano é uma nova experiência, com a qual se devem colher
lições para que no ano seguinte tenhamos um evento ainda maior e melhor. As
críticas também demonstram nossa vontade de estar de novo na Comic Con
Experience em 2016, e possamos novamente desfrutar dos maravilhosos e
inigualáveis universos nerd. Até lá!
Renato A. Azevedo
Parabéns, ótimas colocações e sugestões. Deu para ter um panorama amplo de como foi o evento. Percebi o IDIC do começo ao fim do texto. E senti que mesmo com os problemas ocorridos, valeu a pena.
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