Como
toda criança que é apresentada aos gibis logo pequena me lembro da
minha irmã usando os quadrinhos para me iniciar na alfabetização. Como
ela e meus outros irmãos também liam me era natural ter quadrinhos
sempre por perto. Daí foi um pulo até eu começar a tentar reproduzir
desenhos do Mickey ou Cebolinha.
2. Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
O
primeiro talvez seja bem difícil mas me lembro de uma edição do Homem
Aranha onde aparecia o personagem Nova que me atraiu tanto que o
desenhava sempre. Acho que foi esse o primeiro degrau.
3. Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Os
quadrinhos me acenderam o interesse por narrativas que íam do humor até
materiais mais sérios entendendo que essa mídia nunca foi apenas para o
público infantil. Obras como O Cavaleiro das Trevas ou Maus me fizeram
ter a certeza de que os quadrinhos eram um meio universal de se contar
histórias e que isso criaria em mim uma vontade de também contar as
minhas próprias. Comecei na adolescência a desenvolver, criar e desenhar
meus gibis.
4. Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
Eu
sou bastante eclético e gosto da mídia em si assim como gosto de livros
e filmes portanto não tenho um tema preferido mas puxo um pouco para
ação e horror. Mas acho que depende do clima.
5. Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Caramba,
que difícil escolher um! Mas vou escolher a história que me fez entrar
de vez no mundo dos quadrinhos como colecionador: Dias de um Futuro
Esquecido. Nunca imaginaria, até aquela época, que super heróis pudessem
morrer e aquele roteiro do Chris Claremont com a arte do John Byrne
foram marcantes para mim!
6. Quando e como começou a desenhar? Acompanhou algum curso/livro?
Como
toda criança já rabiscava paredes e sofás de casa sempre que tivesse
canetas nas mãos! Mas comecei a pensar mais seriamente nisso na
adolescência, incentivado por outros amigos que também nutriam esses
gostos em comum isso lá pelos anos 80/90 então, diferente de hoje , não
haviam cursos disponíveis nem dinheiro para se investir em algum. Mas me
lembro de um livrinho de um amigo com poucas páginas e era sobre
anatomia, coisa bem básica, mas o suficiente para eu treinar proporção e
anatomia humanas.
7. Como surgiu seu personagem?
São
personagens mais velhos que muitos leitores...bom, a Tribo começou bem
diferente e naquele momento já citado, quando tinha uns 14/15 anos. No
começo eram inspirados em mim e amigos mas depois foram se
transformando, criando identidade própria até se tornarem a Tribo que é
hoje. Eu e meus amigos e cocriadores Dimas Moreira e Bert Ribeiro usamos
experiência, gostos pessoais e muita influência pop para moldarmos o
que você leu nos nossos quadrinhos. Nesse momento ainda não era tão
viável produzir e imprimir quadrinhos autorais portanto não pude
publicar nada deles.
Com
o tempo, a gente foi ficando com cada vez menos espaço para nos
dedicarmos a eles até ficarem guardados em uma gaveta esperando o
momento de retornarem definitivamente e isso chegou em 2014 e desde
então venho produzindo materiais inéditos.
Se somarmos esse período embrionário esses personagens tem mais de 30 anos...
8. Onde busca inspiração para criar?
Inspiração
acontece a qualquer momento mas a gente não pode ficar esperando por
ela não, hehehe. Mas é muito comum eu ficar deitado na cama e ficar
acordado pensando em ideias para aventuras novas baseadas em informações
que tive lendo, assistindo alguma coisa ou à partir de conversas.
9. Na hora de trabalhar/criar, tem alguma mania?
Gosto de ouvir músicas ou podcasts enquanto trabalho. Até ver TV me ajuda.
10. Qual a maior dificuldade encontrada na hora de criar?
Olha,
a gente sempre procura criar algo com certa originalidade mas sabemos
que isso é difícil então tento pensar em coisas que gostaria de ver numa
hq e sou bem crítico com a minha arte que considero bem mediana mas
ciente disso procuro melhorar sempre. Mas isso é parte do processo, o
que realmente dificulta é não ter isso com fonte de rendo portanto não
consigo me dedicar o quanto gostaria. É difícil amar tanto algo e não
poder viver 100% disso por isso quando estou trabalhando em meus
materiais coloco tudo de mim neles.
11. Existe algum tema que se recusaria a usar nos seus trabalhos? Por quê?
Acho
que não, os temas estão aí para serem trabalhados claro, desde que com
respeito em certos assuntos mais polêmicos. Hoje temos um certo
pragmatismo político, pessoas que defendem políticos com tanto afinco
que vem atrapalhando a visão de como essas pessoas devem se vistas. Nas
hqs da Tribo, sempre há um político envolvido em algo ilegal, criminoso.
Não que todos sejam assim mas são esses os que se destacam
infelizmente. Dependendo de como se lê pode se passar a ideia de que
estou defendendo isso ou aquilo mas só quero mostrar que tem muita gente
“privilegiada” que pode ser pior que qualquer monstro. O tema que eu
achar interessante eu uso mas descartaria erotismo, por exemplo.
12. O que vem por aí?
Estou finalizando a terceira edição da Tribo que tive um atraso por conta da minha criação mais recente: minha filha!
Também
estou com planos de otimizar a produção já que além de escrever também
desenho, coloco as cores, texto e edito além de imprimir e vender, isso
leva um tempão. Mas cada segundo investido me deixa muito feliz pois se
dedicar ao que gosta, mesmo por pouco tempo, ajuda muito e a recompensa
de ver um trabalho pronto é gratificante demais!
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