quinta-feira, 27 de agosto de 2020

QUADRINISTA: JUNIOR CORTIZO


1. Como e quando você começou a se interessar pelas HQs?
Como toda criança que é apresentada aos gibis logo pequena me lembro da minha irmã usando os quadrinhos para me iniciar na alfabetização. Como ela e meus outros irmãos também liam me era natural ter quadrinhos sempre por perto. Daí foi um pulo até eu começar a tentar reproduzir desenhos do Mickey ou Cebolinha.


2. Lembra qual foi o primeiro quadrinho que te cativou?
O primeiro talvez seja bem difícil mas me lembro de uma edição do Homem Aranha onde aparecia o personagem Nova que me atraiu tanto que o desenhava sempre. Acho que foi esse o primeiro degrau.

3.  Como os quadrinhos influenciaram sua vida?
Os quadrinhos me acenderam o interesse por narrativas que íam do humor até materiais mais sérios entendendo que essa mídia nunca foi apenas para o público infantil. Obras como O Cavaleiro das Trevas ou Maus me fizeram ter a certeza de que os quadrinhos eram um meio universal de se contar histórias e que isso criaria em mim uma vontade de também contar as minhas próprias. Comecei na adolescência a desenvolver, criar e desenhar meus gibis.


4.  Na hora de ler, qual gênero de HQ prefere?
Eu sou bastante eclético e gosto da mídia em si assim como gosto de livros e filmes portanto não tenho um tema preferido mas puxo um pouco para ação e horror. Mas acho que depende do clima.

5.  Qual seu quadrinho favorito? Por quê?
Caramba, que difícil escolher um! Mas vou escolher a história que me fez entrar de vez no mundo dos quadrinhos como colecionador: Dias de um Futuro Esquecido. Nunca imaginaria, até aquela época, que super heróis pudessem morrer e aquele roteiro do Chris Claremont com a arte do John Byrne foram marcantes para mim!

6.  Quando e como começou a desenhar? Acompanhou algum curso/livro?
Como toda criança já rabiscava paredes e sofás de casa sempre que tivesse canetas nas mãos! Mas comecei a pensar mais seriamente nisso na adolescência, incentivado por outros amigos que também nutriam esses gostos em comum isso lá pelos anos 80/90 então, diferente de hoje , não haviam cursos disponíveis nem dinheiro para se investir em algum. Mas me lembro de um livrinho de um amigo com poucas páginas e era sobre anatomia, coisa bem básica, mas o suficiente para eu treinar proporção e anatomia humanas.


7.  Como surgiu seu personagem?
São personagens mais velhos que muitos leitores...bom, a Tribo começou bem diferente e naquele momento já citado, quando tinha uns 14/15 anos. No começo eram inspirados em mim e amigos mas depois foram se transformando, criando identidade própria até se tornarem a Tribo que é hoje. Eu e meus amigos e cocriadores Dimas Moreira e Bert Ribeiro usamos experiência, gostos pessoais e muita influência pop para moldarmos o que você leu nos nossos quadrinhos. Nesse momento ainda não era tão viável produzir e imprimir quadrinhos autorais portanto não pude publicar nada deles.
Com o tempo, a gente foi ficando com cada vez menos espaço para nos dedicarmos a eles até ficarem guardados em uma gaveta esperando o momento de retornarem definitivamente e isso chegou em 2014 e desde então venho produzindo materiais inéditos.
Se somarmos esse período embrionário esses personagens tem mais de 30 anos...

8.  Onde busca inspiração para criar?
Inspiração acontece a qualquer momento mas a gente não pode ficar esperando por ela não, hehehe. Mas é muito comum eu ficar deitado na cama e ficar acordado pensando em ideias para aventuras novas baseadas em informações que tive lendo, assistindo alguma coisa ou à partir de conversas.


 9. Na hora de trabalhar/criar, tem alguma mania?
Gosto de ouvir músicas ou podcasts enquanto trabalho. Até ver TV me ajuda. 

10. Qual a maior dificuldade encontrada na hora de criar?
Olha, a gente sempre procura criar algo com certa originalidade mas sabemos que isso é difícil então tento pensar em coisas que gostaria de ver numa hq e sou bem crítico com a minha arte que considero bem mediana mas ciente disso procuro melhorar sempre. Mas isso é parte do processo, o que realmente dificulta é não ter isso com fonte de rendo portanto não consigo me dedicar o quanto gostaria. É difícil amar tanto algo e não poder viver 100% disso por isso quando estou trabalhando em meus materiais coloco tudo de mim neles.


11. Existe algum tema que se recusaria a usar nos seus trabalhos? Por quê?
Acho que não, os temas estão aí para serem trabalhados claro, desde que com respeito em certos assuntos mais polêmicos. Hoje temos um certo pragmatismo político, pessoas que defendem políticos com tanto afinco que vem atrapalhando a visão de como essas pessoas devem se vistas. Nas hqs da Tribo, sempre há um político envolvido em algo ilegal, criminoso. Não que todos sejam assim mas são esses os que se destacam infelizmente. Dependendo de como se lê pode se passar a ideia de que estou defendendo isso ou aquilo mas só quero mostrar que tem muita gente “privilegiada” que pode ser pior que qualquer monstro. O tema que eu achar interessante eu uso mas descartaria erotismo, por exemplo.


12. O que vem por aí?
Estou finalizando a terceira edição da Tribo que tive um atraso por conta da minha criação mais recente: minha filha!
Também estou com planos de otimizar a produção já que além de escrever também desenho, coloco as cores, texto e edito além de imprimir e vender, isso leva um tempão. Mas cada segundo investido me deixa muito feliz pois se dedicar ao que gosta, mesmo por pouco tempo, ajuda muito e a recompensa de ver um trabalho pronto é gratificante demais!

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